Arquitetura

Conheça as diferenças entre as bancadas em ilha ou península e descubra qual a ideal para sua cozinha

Bruno Gabriel, especial para HAUS
28/03/2024 18:17
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Projeto de Andréa Benthien de cozinha em ilha permite maior interação entre quem cozinha e quem está à mesa | R.R.Rufino

A integração da cozinha com as demais áreas da casa se destaca em projetos de arquitetura, seja pela possibilidade de ampliar o espaço de convivência ou por conferir mais funcionalidade ao cômodo. A escolha por um ambiente aberto e integrado, contudo, traz uma questão importante: qual a melhor opção para o projeto, uma bancada em ilha ou em península?
Para entender a diferença entre os dois formatos, é possível recorrer à geografia. A ilha é aquele elemento que não tem conexão nenhuma com o que está ao redor. Para a arquitetura, é quando ela surge isolada, sem pontos de contato. Já a península apresenta um dos lados conectado a móveis ou paredes adjacentes.
O arquiteto Renan Altera explica que o primeiro passo para a escolha de uma cozinha aberta ideal é entender o layout geral, o espaço que há em cada ambiente da casa. “O elemento principal para a decisão entre ilha e península é entender as circulações. Onde e de que forma vamos conseguir colocar cada elemento nessa cozinha”, explica.
Segundo a arquiteta Andréa Benthien, a principal diferença entre os dois modelos de cozinha também diz respeito à metragem disponível. Ela explica que o formato em ilha exige uma circulação maior ao seu redor, afinal, o acesso precisa estar disponível a partir de qualquer ponto. “Para uma ilha se tornar viável, é preciso que a área tenha, pelo menos, 15 m² disponíveis. Somente para a circulação precisamos prever 80 centímetros de cada lado”, pondera.
Esse é um dos motivos que levam a maioria dos clientes a optar pela península, segundo Renan. "A bancada fica muito maior, com a circulação ocorrendo apenas de um dos lados. Ao encostar em uma extremidade, ganhamos centímetros", completa. Ainda com o objetivo de otimizar o ambiente, a dica é inserir funcionalidade à parte de baixo das ilhas ou penínsulas. "Coloco ali espaço para talheres, panelas, porta temperos. E se possível, uma lixeira”, diz.

Infraestrutura e viabilidade

A bancada da península realizada pelo arquiteto Renan Altera conta com cooktop a gás, cuba com torneira gourmet e exaustor.
A bancada da península realizada pelo arquiteto Renan Altera conta com cooktop a gás, cuba com torneira gourmet e exaustor.
Andréa diz que, de modo geral, qualquer item pode ser inserido em uma bancada, mas a arquiteta reforça que alguns elementos exigem maior atenção, principalmente à profundidade e altura. “Um fogão colocado em uma ilha exige um espaço bem maior. E isso faz com que ele tome o lugar de outros objetos, como banquetas ou cadeiras”, explica.
Um fogão na bancada também vai tornar a utilização de uma coifa bastante indicada. Renan Altera garante que a extração de odores é essencial em projetos desse tipo, principalmente para pessoas que fazem frituras ou grelhados. “Existem diferentes tipos de coifas para diferentes gostos. O importante é entender os dois tipos de sucção: exaustão e indução. Por exaustão, o odor é sugado e jogado para fora do apartamento. No caso da depuração, o odor é sugado, filtrado e devolvido ao ambiente", explica.
O arquiteto conta que, embora seja mais eficaz, a exaustão nem sempre pode ser escolhida, por causa da infraestrutura do imóvel. Ele ainda chama a atenção para a necessidade de se calcular potência e sucção ideais, de acordo com o tamanho do fogão.
Como se percebe, para definir o que poderá ou não ser contemplado na bancada, observar e planejar a infraestrutura é imprescindível.
Em primeiro lugar, pontos de gás ou energia precisam estar presentes. “Mesmo que o cliente escolha um cooktop por indução, que exige apenas eletricidade, deixamos também um ponto de gás disponível. Isso porque ele pode ter essa opção disponível para o futuro”, diz Renan. Quanto à parte elétrica, o arquiteto aponta que a inserção de tomadas acaba sendo mais fácil em penínsulas, por permitir que os pontos sejam colocados nas paredes. “No caso das ilhas, colocamos nas duas laterais, no pé da ilha, ou fazemos uma torre de tomadas”, aponta. Já se a opção for por instalar a pia numa ilha ou península, a execução demandará planejamento da parte hidráulica.
Caso o espaço não seja suficiente para agregar todos os elementos desejados, o ideal é pensar numa configuração em triângulo. De acordo com esse critério, cuba, fogão e geladeira ficam inseridos um em cada canto. Com os itens em pontas diferentes, o trânsito é facilitado.

Materiais adequados

Para a cozinha em ilha, Andréa inseriu fogão e mesa em dois níveis diferentes, além de utilizar a coifa com dois motores para realizar a troca de ar.
Para a cozinha em ilha, Andréa inseriu fogão e mesa em dois níveis diferentes, além de utilizar a coifa com dois motores para realizar a troca de ar.
O arquiteto Renan Altera indica para as ilhas e penínsulas o uso de pedras sinterizadas, como o dekton, produzidas a partir da mistura das matérias-primas usadas na fabricação de porcelana, vidro e superfícies de quartzo. Por conta de suas propriedades, esse tipo de revestimento é resistente e não mancha, no entanto tem custo elevado.
Os quartzos também são indicados pelo arquiteto, mas exigem cuidados com a temperatura, principalmente com o apoio de panelas quentes diretamente sobre a pedra.
Como opção mais barata surgem as pedras naturais, como o granito. Além delas, lâminas de porcelanato podem ser usadas, pois são resistentes, mas a indicação é pelo uso de porcelanatos de massa única. “Normalmente, há um esmalte em cima e dentro temos cerâmica ou massa única. Caso descasque ou lasque, visualizamos menos os defeitos na massa única”, aponta.
Outra recomendação diz respeito à inserção de um escorredor quando a pia é inserida na ilha ou na península. Renan indica que esse escorredor seja feito com calha úmida ou esculpido na própria pedra: “há um custo mais elevado, mas fica esteticamente lindo e é bastante funcional”, completa.
*Matéria publicada originalmente em 29 de setembro de 2020.

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