Uma de minhas maiores paixões como filósofo, designer e arquiteto é ajudar a construir e/ou exponenciar marcas. Uma marca, na essência, já é uma história incrível. Foi criada no imaginário de seu fundador, planejada e implementada. Algo que vem do intangível para o tangível. Posso falar em primeira pessoa, pois fiz tal processo com a indústria A Lot of Brasil.
A “cria” acaba por ganhar vida própria, se estruturar e, algumas vezes, perpetuar. Em seu entorno, fornecedores, criativos, gestores, funcionários se estruturam. Com o tempo, cultura e tradição se engrandecem e ficam sólidas, tal qual raízes de plantas.
Trabalho para além de minha própria marca, com diversas indústrias tradicionais, algumas delas com mais de 75 anos de existência. A palavra de ordem que me conduz na trajetória diária de atuação com elas é humildade ao pisar naquele solo, pleno de sangue, suor e história.
Por outro lado, vivemos no mundo uma grande transição. A receita de outrora, baseada em preço X qualidade, ficou para trás. Não basta para a sustentabilidade do mercado. Hoje se fazem necessários outros adjetivos além do duelo acima. Propósito, sustentabilidade e tradição devem ser catapultados pelo viés da comunicação.
O produto se torna mais que um produto, passa a ser um testemunho que amplifica tais valores, para que sejam inerentes à marca. Nesse ponto devemos pensar que o storytelling ficou para trás dando lugar ao true-telling, ou seja, a valores reais e verdadeiros.
O papel do designer-marqueteiro deve, dessa forma, ser mais holístico, tornando-se um verdadeiro coach de marcas. Assim sendo, a indústria vai ao divã.
Sobretudo em um mundo à beira de ter o mercado de consumo dominado pela chamada Geração Z, se faz necessário promover a descoberta e a divulgação do propósito de cada marca. Um design com viés holístico e estratégico é fundamental para o futuro das grandes marcas.