A mais importante semana do design mundial se aproxima: o Salone del Mobile.Milano. Será a 62ª edição da semana milanesa que abala as estruturas do design.
Não há nenhum outro evento mundial que impacte o setor como o iSaloni. Falo por vivência prática, uma vez que já expus, seja como designer ou como empresário, nos maiores eventos de design, dos Estados Unidos à Europa e ao Médio Oriente.
Viajam com destino a Milão, para permanecer durante os seis dias de evento, cerca de 400 mil pessoas. Todos os stakeholders do mundo do design por lá se encontrarão entre os dias 16 a 21 de abril.
Pudera! Por lá, é possível visitar os eventos Fuori Saloni e suas festas imperdíveis, além dos eventos main stream da semana que ocorrem em 24 pavilhões do futurista Complexo de Rho-Pero, assinado pelo arquiteto romano Massimiliano Fuksas.
Na programação oficial, há desde a mostra destinada aos futuros talentos garimpados pela talent hunter Marva Griffin, o Salão Satélite – que chega a sua 25ª edição e revelou nomes como Nendo (Japão), Patrick Jouin (França) e Nika Zupanc (Eslovênia) – até os pavilhões destinados a grandes indústrias do design mundial.
Nestes, é importante observar o que as marcas que fizeram (e fazem) história irão apontar. Entre elas estão a toscana Edra, que catapultou ao estrelato os brasileiros Irmãos Campana, que mesclam com maestria design + artesanato.
A Magis, que produz diversas das peças de mais sucesso comercial da história do design, como a Cadeira Bombo.
A kartell, que revolucionou a história do plástico, com seu policarbonato injetado, criando peças como a cadeira Louis Ghost, de Philippe Starck.
A americana Knoll, que produz os maiores clássicos da história do design, como a mesa e cadeira Saarinen e a poltrona Barcelona (assinada por Mies Van der Rohe).
A austríaca Thonet, que “criou” o design industrial e, pelas mãos de seu fundador, Michael Thonet, revolucionou a produção de móveis com suas cadeiras em madeira curva ainda em 1890.
Enfim, por ali se passeia pela história do design. Os que fizeram o ontem, fazem o hoje e farão o amanhã.
E por falar em amanhã, quais são pontos a ficar de olho, na opinião deste designer que vos escreve?
- I.A: ponto de não retorno não apenas no mundo do design, mas em todos os setores de A a Z, a Inteligência Artificial quebra paradigmas e abre novos horizontes. Não por acaso, é o tema central da campanha do Salone del Mobile de 2024: como a I.A traduz a importância do evento, onde o design acontece, evolui e define o futuro;
- Sustentabilidade: o tema que outrora era considerado um adjetivo, tornou-se ponto obrigatório de toda indústria global de design. Assim como ocorreu na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023, são esperados o surgimento de novos e inéditos materiais e uma estética do reuso;
- Produtos icônicos: sabe aquela poltrona espalhafatosa em meio à sala? Pois bem, o design icônico é cada vez mais visto, devido sobretudo a sua diferenciação e atemporalidade. Em mercado cada vez mais pasteurizado, o design funcional se torna cada vez mais comoditizado;
- Cores metalizadas: tal qual apontaram as marcas trendsetters em 2023 (Louis Vuitton, Objets Nomads etc.), os acabamentos metalizados que remetem à reflexão e ao futuro serão cada vez mais difundidos;
- Ancestralidade: as contraposições fazem parte da leitura e evolução das tendências; e, dessa forma, em contraponto ao futuro, a busca pela origem e a ancestralidade devem estar presentes e ser exploradas de diversas formas.
Encerro esta coluna recomendando fortemente a todos os apreciadores e envolvidos na cadeia do design – de estudantes a profissionais do mundo moveleiro, profissionais e trend hunters do mundo da moda – e demais apreciadores do mundo da arte, arquitetura, design e decoração: visitem o Salone del Mobile 2024.