Homenagem a Gaetano e Paolo (e um viva à eternidade)

O mundo do design foi impactado com duas perdas inestimáveis, de forma irônica, às vésperas de mais uma edição do maior evento mundial de design, o Salão do Móvel de Milão: Gaetano Pesce, o irreverente designer italiano que criou peças icônicas, como a Cadeira UP (popularmente conhecida como Donna), e Paolo Pininfarina, que comandou com maestria a marca da família criando carros como a Ferrari Sérgio, em homenagem a seu pai.

Fiquei particularmente impactado, pois tenho uma grande admiração por ambos e tive a oportunidade (e honra) de trabalhar junto à Pininfarina. A nostalgia tomou conta dos meus pensamentos, transformando-se por meio de reflexões sobre o quão grandioso é o design. Ambos os criativos se materializaram e se eternizaram por meio de suas criações. Estavam vivos ontem e estarão vivos para sempre; esse é o poder do (bom) design.

O conceito de atemporalidade na filosofia está intimamente ligado à ideia de algo que não é limitado pelo tempo, não está sujeito às mudanças temporais ou à passagem do tempo. Quando consideramos o trabalho desses dois designers, vemos como suas criações foram capazes de alcançar esse estado de atemporalidade.

Assim como os grandes mestres da arquitetura, como Le Corbusier, Frank Lloyd Wright e Antoni Gaudí, cujas obras continuam a inspirar e impressionar séculos após sua criação, há também designers cujas criações se tornaram verdadeiros ícones atemporais.

Um exemplo notável é a cadeira Barcelona, projetada por Ludwig Mies van der Rohe, que continua a ser um símbolo de elegância e sofisticação desde sua criação, nos anos 1920. Assim como a poltrona Egg, criada por Arne Jacobsen, que ainda é amplamente reverenciada por seu design inovador e conforto excepcional, desde sua concepção na década de 1950.

Esses objetos do design transcendem as mudanças de moda e estilo, permanecendo relevantes e desejáveis ao longo das décadas. E, da mesma forma que seus criadores, esses designers se tornaram imortais, seus nomes e legados continuam a ser celebrados, enquanto suas obras continuam a inspirar gerações futuras.

Poucas coisas perduram por centenas de anos, ainda menos coisas perduram por milhares de anos; artifício de manufatura, o design e a arquitetura são alguns desses poucos elementos que transpassam o tempo, que se eternizam.

Ao associarmos a atemporalidade na arquitetura e no design aos grandes mestres e às suas criações duradouras, reconhecemos a capacidade única do ser humano de criar algo que resiste ao passar do tempo, deixando um impacto que transcende gerações e culturas. E assim, tanto os criadores quanto suas obras se tornam eternos, imortalizados na memória coletiva da humanidade.

Sendo assim, vida longa, Gaetano Pesce! Vida longa, Paolo Pininfarina.