Incentivo à inovação e defesa do patrimônio industrial marcam início do Reação Urbana

Abertura do evento no Engenho da Inovação, nesta quinta (26). Foto: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo | Fernando Zequinao
Uma “maratona” de quatro dias de debates e levantamento de diagnósticos e soluções para a revitalização urbana da região do Rebouças e Prado Velho: foi dada a largada para o Laboratório de Reação Urbana do Vale do Pinhão, iniciativa da HAUS em parceria com a Reurb e Agência Curitiba realizada no Engenho da Inovação.
Com abertura às 9h desta quinta-feira (26), o evento contou com a participação de entidades apoiadoras, participantes do laboratório e moradores da região.

“Este está sendo um ano de transformações em Curitiba. Na Agência, temos reunido todos os atores da inovação em torno de um objetivo comum: estimular um ambiente favorável a novos negócios com iniciativas inovadoras na cidade. Para que isso dê frutos, a integração de agentes é fundamental”, pontuou Frederico Lacerda, presidente da Agência Curitiba.
Organizador do movimento e presidente da Reurb, Orlando Ribeiro também ressaltou o engajamento de agentes variados e o momento atual da cidade como pontos favoráveis. “A iniciativa privada precisa ter interesse em ajudar o movimento de revitalização urbana, aproveitando a infraestrutura existente na região, mas ainda com poucos estímulos ao desenvolvimento. Nosso objetivo é capacitar agentes locais de inovação e agentes urbanos locais até fevereiro do ano que vem, quando será realizada em Curitiba a Smart City Expo”, destacou.

Diretor de redação da Gazeta do Povo, Leonardo Mendes Junior relembrou o papel do jornalismo em processos dessa relevância. “Buscamos sempre contribuir com nossa terra e nossa gente, construindo caminhos e dando visibilidade às boas iniciativas. Curitiba já foi e ainda é referência em muitas áreas no Brasil, e vemos esse potencial em movimentos como o Reação Urbana”.
A nova economia da inovação
A primeira palestra do Laboratório aconteceu ainda pela manhã, realizada pelo diretor técnico da Agência Curitiba, Tiago Francisco, que destacou o papel fundamental das práticas inovadoras na nova economia mundial. “Graças ao Vale do Silício e às empresas de tecnologia lá instaladas, o estado da Califórnia tem um PIB de US$ 1,9 trilhões, enquanto o PIB de todo o Brasil é de US$ 1,76 trilhões. Nesse cenário, Curitiba já possui importantes startups aqui sediadas, como a Ebanx, que realiza compras pela internet, a Beaty Date (app de salões de beleza), o Robô Laura, criado para uso hospitalar, entre outros”.

Francisco elencou ainda Curitiba em segundo lugar entre as capitais com mais startups do país, com 16 empreendimentos, atrás apenas de São Paulo — que tem 23 — e à frente de Florianópolis, com 11, Rio de Janeiro e Recife, com sete startups cada. “A vocação inovadora já existe na nossa cidade, mas precisamos integrar os esforços e, principalmente, oferecer recursos tecnológicos para que os novos negócios sediados em Curitiba não sigam o modelo do passado que, por exemplo, passavam 15 anos ou mais vendendo o mesmo tipo de produto e serviço”, considerou.
Importância do patrimônio industrial
No início da tarde, a arquiteta urbanista Iaskara Florenzano, professora da UTFPR, abordou a temática do desaparecimento do patrimônio industrial e persistência da memória nas grandes cidades, tema em que baseou seus estudos tendo como exemplos o bairro do Rebouças e o caso London Docklands.
“Sem a memória perdemos nossa identidade tanto como indivíduos, quanto como comunidade. O valor científico e tecnológico do patrimônio industrial de uma cidade vai além do aspecto estético, que não costuma ser tão apreciado pelo cidadão comum”, define a pesquisadora.

Seguiram-se à Florenzano uma série de apresentações feitas por professores arquitetos e urbanistas das quatro instituições signatárias do Vale do Pinhão: UFPR, PUC-PR, Universidade Positivo e UTFPR. “Estamos reunindo um time muito bom, todos afinados com a temática de reabilitação do Rebouças e Prado Velho, região que fascina e gera inúmeras contribuições da academia. Agora é unir esforços e colocar em prática a elaboração do Plano Preliminar nos próximos dias, que posteriormente ficará sob consulta da população”, comemora Orlando Ribeiro.

*Especial para a Gazeta do Povo