Berlim está mais tropical. A capital alemã inaugurou oficialmente no último dia 18 um jardim brasileiro assinado pelo paisagista Alex Hanazaki, que em 2014 levou para casa o prêmio de jardim mais bonito do mundo pela Sociedade Americana de Arquitetos e Paisagistas (Asla).

A nova paisagem vai integrar a área verde de Marzahn-Hellersdorf, que já foi um depósito de escombros da Alemanha Oriental, e hoje é um dos maiores parques de Berlim. O jardim foi encomendado pela própria prefeitura da cidade para compor uma mostra de oito espaços verdes do mundo. Hanazaki é o único brasileiro convidado.

“Eu quis levar um Brasil contemporâneo, livre de clichês e alegorias”, explica o paisagista de São Paulo. “O clima não ia permitir que espécies brasileiras sobrevivessem no jardim, então utilizei a terra como elemento escultural, hora subindo, hora descendo, com grama, criando grandes espaços de permanência com diferentes níveis de perspectivas.”

As poucas árvores do espaço, que são cerejeiras e bambus, elementos do paisagismo japonês que honram com a estética de Hanazaki, surgem como pontos esculturais e apresentam um novo paisagismo brasileiro, que prima por formas puras, minimalistas e geométricas, no lugar das curvas sinuosas típicas da escola de Burle-Marx.

Os recursos abundantes do país também acharam referência no jardim. “Muros que funcionam como plano de fundo do espaço foram revestidos com basalto ferrugem, um revestimento bem brasileiro que remete às jazidas de minério de ferro, uma das maiores do mundo. E as alturas diferentes dos muros deram origem a uma cascata, em homenagem às montanhas e aos recursos hídricos brasileiros”, conta Hanazaki.

Toda a área de passagem recebeu pedrisco e as árvores foram contornadas com capim rubro, para contrastar com o verde. O projeto levou dois anos para ser concluído.