Pensa na situação: um exército de 150 artistas ocupa temporariamente um prédio de aproximadamente 10 mil m² e transforma todos os espaços com intervenções artísticas impressionantes. O edifício vira uma galeria de grafite sem paralelo. Mas nasce com data de validade: deixa claro que em junho vai botar tudo abaixo.

Esse é o projeto THE HAUS, no coração de Berlim, que deu vida nova a um prédio que será demolido em breve junto com as obras. O edifício já abrigou um banco e não guarda arquitetura de qualidade que o proteja ou justifique sua preservação. A iniciativa já é avaliada por visitantes do mundo todo como o que melhor existe sobre arte urbana nos dias de hoje.

O prédio fica em Kurfürstendamm, uma das principais avenidas de Berlim, com diversos empreendimentos comerciais, inclusive grifes internacionais. Os organizadores encararam a localidade como um desafio para integrar a linguagem do grafite. A ideia foi dos artistas Kimo von Rekowski e Jörn Reiners.

Ao todo, são mais 108 salas com obras bem diferentes entre si. Para os artistas que assinam as intervenções, a efemeridade de suas criações é vista como algo positivo. São unânimes: “Grafite não é para sempre. Arte de rua sem finitude não combina.”