Estilo & Cultura

Conheça casas diferentes que são destaque na paisagem de Curitiba

Eloá Cruz
25/03/2016 01:00
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Castelinho do Alto da XV: construção em estilo neomedieval é cópia de casa alemã. Fotos: Letícia Akemi/Gazeta do Povo.

Os curiosos certamente não deixam escapar aos olhos a peculiar casa redonda da Rua Padre Agostinho, ali próximo ao cruzamento com a Alameda Prudente de Moraes. São duas construções circulares, com a lateral em vidro. E o que mais atiça a imaginação é pensar como o interior é distribuído e de que forma os móveis podem ficar apoiados em paredes curvas?
Movidos pelo interesse, a reportagem da Haus bateu à porta do engenheiro mecânico Sérgio Granato, 53 anos.
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Ele é filho de Emílio Granato, médico patologista que na década de 1970 sonhou ter uma casa especial. “Esse projeto foi feito há 40 anos, o cliente queria uma casa diferente e resolvemos fazê-la redonda”, lembra Eli Loyola, arquiteto e dono da ideia. No primeiro círculo ficam as áreas sociais e no módulo ao fundo as suítes e uma área de convivência. A casa foi entregue com mobiliário sob medida, acompanhando o formato das paredes.
Emílio, hoje com 80 anos, deixou o imóvel para o filho mais velho, Sérgio, que recorda os tempos áureos. “Minha mãe cuidava bem das floreiras, era tudo impecável.”
Residência redonda era sonho do médico Emílio Granato.
Residência redonda era sonho do médico Emílio Granato.
Castelo do Alto da XV
Como a casa sonhada por Granato, há outras construções inusitadas na cidade. Um exemplo é a residência, atualmente disponível para locação, que fica na esquina das ruas General Carneiro com a Benjamin Constant, no Alto da XV. “São quatro andares de uma construção com traços de uma arquitetura neomedieval, com janelas arqueadas e base em pedra”, analisa a professora de arquitetura da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Beatriz Correia. O proprietário é o médico aposentado Diether Henning Garbers, 85 anos.
Construída em 1927, a casa foi feita a pedido do pai de Diether, o comerciante João Garbers. Para uma família de três filhos a casa é bastante confortável, com diversos ambientes de convivência e seis quartos. Durante muitos anos o “castelinho” do Alto da XV fez sucesso. “Era uma casa tradicional. Na época era o Palacete dos Leões, o Castelinho do Batel, e a nossa casa”, recorda.
Casa revolucionária
As pichações e a vegetação que ocupam a fachada fazem a construção na Rua Jaime Reis passar (quase) despercebida. Perto do viaduto da Martin Afonso, a casa da década de 1930 é apontada entre os moradores da região como estranha e até bizarra. “Eu diria que essa construção é revolucionária”, defende a professora Beatriz.
O que poucos sabem é que a residência sem telhado e pórticos na laje é considerada a primeira casa modernista de Curitiba, inclusive para o Patrimônio Cultural do Estado, que a tombou em 1991.
Quem a projetou foi Frederico Kirchgassner, exímio desenhista alemão, que se formou em arquitetura e artes plásticas por correspondência. Kirchgassner e sua esposa, a pintora Hilda, moraram durante anos no exótico imóvel. Atualmente Arwed Baldur, filho de Kirchgasser, mantém a casa em ordem.
Para a docente, no entanto, não há traços evidentes das construções modernistas. “Há alguns elementos que lembram o art déco, mas sendo assimétrica, é difícil classificá-la”, esclarece. O que é certo é que seu formato causou impacto em uma Curitiba tradicional.
Na década de 1930 a casa revolucionária causou impacto.
Na década de 1930 a casa revolucionária causou impacto.

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