Estilo & Cultura

Praças, largos e jardinetes de Curitiba que são “respiros” na selva de pedra

Sharon Abdalla
05/08/2017 18:32
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Uma das capitais com maior área verde por habitante, Curitiba é um convite para as pessoas saírem de casa e desfrutarem momentos ao ar livre. E está enganado quem pensa que os parques da cidade são o único destino para isso. Em muitos bairros, basta se atravessar a rua ou caminhar poucas quadras para se encontrar pracinhas onde é possível pôr os pés na grama, se exercitar ou passear com o cachorro.
Em toda a cidade, estes espaços somam mais de 3,7 milhões de m² distribuídos em 1.044 praças e jardinetes, segundo a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SMMA), que representam verdadeiros refúgios em meio à correria do dia a dia. Mesmo assim, em muitas delas a movimentação de vizinhos costuma ser pequena, resultado de um conjunto de fatores.
“As praças, enquanto espaço público, têm perdido sua proeminência histórica de ser o local onde as pessoas se encontravam para discutir o futuro das cidades. Hoje, o individualismo, a pressa, as circunstâncias do trabalho e a insegurança fizeram com que elas fossem perdendo um pouco de sua importância [para a população]”, lamenta Alessandro Filla Rosaneli, professor do programa de pós-graduação em Planejamento Urbano e Geografia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e coordenador do Observatório do Espaço Público, laboratório dedicado ao estudo de ruas, praças e parques.
Mesmo que muitas vezes subutilizadas, o professor destaca que a presença das praças, largos e jardinetes contribui, e muito, para a qualidade de vida da cidade. Isso porque eles têm por função principal “acalmar a convivência urbana” e ser um ponto de “arejamento em meio à massa construída”, além de favorecerem o escoamento das águas pluviais e a manutenção da fauna e da flora locais.
“As praças residenciais, como são chamadas, têm que voltar a ter um papel de destaque na cidade. Em quantidade, elas são as que mais estão presentes em Curitiba e dizem respeito às suas comunidades. A comunidade precisa entender que aquele espaço é dela para poder ativá-lo”, lembra Rosaneli. E isso não depende, exclusivamente, de ações organizadas propostas pela vizinhança. “Ir à praça para brincar com seu filho, namorar ou passear com o cachorro já é um grande movimento”, acrescenta.

Integração entre vizinhos

A auxiliar de farmácia Julieta Maria Trembulhak concorda com o professor. Moradora do bairro Uberaba há 10 anos, ela passou a frequentar, há cerca de três semanas, a Praça José Paulino Schmitt, localizada entre as ruas Francisco Licnerski e Luiz Antônio de Andrade Vieira, próxima de sua casa.
“Vim buscando uma melhora na minha saúde [ela aproveita a praça para se exercitar na academia ao ar livre], mas descobri que esta é uma boa maneira de conhecer e integrar os vizinhos da região onde moro. Pena que muitas pessoas ainda se fecham dentro de casa e não sabem aproveitar este espaço”, avalia.
A praça é ampla e conta com parquinho, pista de caminhada, cancha de areia e um pequeno bosque. O que falta, na opinião de Julieta, é a maior conscientização das pessoas quanto ao cuidado com o espaço, que sofre com o lixo deixado por alguns usuários.
A poucas quadras dali, outra praça, conhecida pela numeração 1032 e localizada entre as ruas Victor Luiz Maganhoto e Dr. Fábio Rogério Bertoli Arns, também oferece equipamentos públicos para o lazer da comunidade. Com 3,2 mil m², ela conta com cancha de areia, academia ao ar livre e parquinho, no qual o pequeno Manoel, de três anos, brincava com o irmão Erickson Ferreira da Silva na manhã desta sábado (5). “Este é um lugar bom para as crianças brincarem e pra gente distrair a cabeça. Hoje está tranquilo, mas tem dias que tem até fila para usar os brinquedos”, conta o pedreiro.

Respiro em meio ao trânsito

Em meio ao fluxo intenso de veículos da região do Centro Cívico, a Praça Didi Caillet de Leão (localizada na esquina das ruas Heitor Stockler de França e Luiz Leão) é outro destes pequenos refúgios urbanos. Florida e com uma fonte que atrai pássaros e propicia o relaxamento, ela está ali muito antes da construção do empreendimento Solar da Nogueira, para o qual serve de jardim. Pelo menos é isso o que contam os moradores do prédio, como lembra Edmar Pires Domingues, porteiro do edifício.
Sempre atento à movimentação da praça, ele conta que o espaço costuma ser frequentado pelos moradores deste e dos demais empreendimentos vizinhos, que costumam descer para passear com seus animais de estimação, beber um chimarrão ou simplesmente tomar um sol. Outros visitantes frequentes são os alunos do Colégio Estadual do Paraná, que fica a uma quadra dali.
Além do verde das plantas, a praça de quase 2 mil m² ainda conta com duas obras de arte – uma escultura da “Vênus Curitibana” e um painel cerâmico na fachada do edifício – e uma nogueira imune ao corte, de acordo com o decreto municipal nº 1.181 de 2009.
Outra praça que tem uma árvore como atrativo é a General Werner H. Gross, no Bom Retiro. Com endereço entre as ruas Claudio Manoel da Costa e Valentin Trevisan, é possível se avistar de longe a paineira frondosa que é tombada pelo Patrimônio Histórico do Paraná e tida como uma das árvores mais antigas de Curitiba – estima-se que ela tenha mais de 300 anos.
Localizada a 955 metros de altitude, a praça também é uma espécie de mirante, de onde é possível se observar o bairro Mercês e parte do centro de Curitiba.
A partir destes exemplos, HAUS deixa o convite para que você afine o olhar e se permita conhecer um pouco melhor as praças da região onde mora ou as que estão na rota dos seus afazeres diários. Você pode se surpreender!
Frequenta ou conhece alguma outra praça muito legal? Nos mande um email com foto do lugar para haus@gazetadopovo.com.br

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