Inovação

Design

Startup paranaense desenvolve embalagens biodegradáveis a base de fungos

Sharon Abdalla
15/09/2022 14:47
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Você já reparou na quantidade de papel e plástico que joga fora cada vez que recebe uma encomenda ou um lanche em casa? A geração de lixo pelo descarte de embalagens de uso único não é um problema recente, mas ganhou ainda mais escala durante a pandemia da Covid-19 com o aumento exponencial das compras online -- e que deve permanecer com a volta à "normalidade".
Segundo estimativas, mais de 80% das embalagens estão neste grupo e acabam indo parar em aterros, lixões a céu aberto ou na natureza (onde levam dezenas, por vezes centenas de anos para se decompor), já que no Brasil somente 4% delas têm como destino a reciclagem, segundo a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe).
A boa notícia é que, como sempre, os cientistas e designers não se cansam de buscar alternativas para minimizar a geração de resíduos e potencializar o uso das matérias-primas. Uma das mais recentes novidades neste sentido vem da startup paranaense Mush, sediada em Ponta Grossa. A empresa desenvolveu uma embalagem completamente biodegradável em condições domésticas e que pode ser usada integralmente como substrato para vasos de plantas ou hortas. Para isso, basta colocá-la na terra.
“São embalagens realmente sustentáveis que atendem ao anseio do consumidor em gerar menos lixo e que ajudam as empresas a comunicar sua política de sustentabilidade e traduzir sua preocupação em diminuir seu impacto ambiental no planeta”, explica, em nota, Eduardo Bittencourt Sydney, um dos fundadores da Mush.

Natural

O que garante a característica biodegradável das embalagens desenvolvidas pela Mush são os componentes utilizados em sua produção, todos naturais. O principal deles são os fungos, "alimentados" com resíduos da agroindústria e de madeira, que servem de suporte para o crescimento do micélio (parte vegetativa dos fungos composta por uma rede de fibras finas, semelhantes a raízes), que dá forma às embalagens.
Resíduos da agroindústria que "alimentam" o fungo
Resíduos da agroindústria que "alimentam" o fungo
“O fungo atua como uma cola natural e é cultivado em moldes. Ao final do processo, ele é inativado. O material é seguro e biodegradável, podendo ser utilizado como embalagem protetiva no transporte de produtos sensíveis, como eletrodomésticos, garrafas, eletrônicos”, explica Sydney. Ele acrescenta que, fora do país, embalagens utilizando essa tecnologia já são comercializadas para o transporte de garrafas, velas, eletrodomésticos e cosméticos.
A Mush já validou a tecnologia e está em fase de negociação da primeira embalagem de micélio a ser comercializada no Brasil. O fundador da Mush acredita que um país com grande atividade agrícola, o que gera abundância de matéria-prima para a produção das embalagens, e o alinhamento das empresas e dos consumidores para práticas mais sustentáveis e ambientalmente corretas contribuem para o ganho de escala de inciativas como esta, que visam mudar a relação de consumo que temos com as embalagens e os produtos em si.

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