"Meus móveis são como esculturas. Gosto de trabalhar como se fosse um escultor". Quase cinquenta anos se passaram da primeira coleção de móveis desenhada por Pierre Cardin, falecido em dezembro de 2020. O estilista ficou conhecido pelo seu toque geométrico e colorido. Italiano - sim, ele nasceu em San Biagio di Callalta, pertinho de Treviso, no norte do Itália - Pietro Costante Cardin imigrou com família para a França onde, aos 14 anos, começou como estagiário de alfaiate e, em 1950, fundou a sua própria marca, que e se tornaria uma das mais célebres internacionalmente.
O amor pela haute-couture o levou ao mundo do design e a uma parceria que garantiria o futuro da empresa. O filho de sua sobrinha Lucrezia, filha de seu irmão Erminio, jamais poderia imaginar que o tio-avô mudaria sua vida por completo. Rodrigo Basilicati Cardin, 51 anos, tornou-se o sucessor natural e herdeiro do estilista. Engenheiro, designer e pianista, o atual presidente e diretor artístico da maison, nos últimos dois anos, tem preparado grandes novidades para o futuro da empresa.
"Em comemoração ao centenário de nascimento de Pierre Cardin apresentamos a coleção CENT, em Veneza, justamente no dia do seu aniversário. A segunda após a morte do meu tio com vestidos e acessórios eco-sustentáveis, realizados com tecidos reciclados, fibras naturais e materiais que recuperamos do ateliê de Paris", conta o à Haus Rodrigo Cardin, que ingressou na grife em 1998 e, um ano depois, já era responsável pela linha de móveis "Sculpture Utilitaires", desenhada por Pierre Cardin nos anos 1970, no ápice de sua carreira.
Muitos viram na linha Home de Pierre Cardin uma provocação estilística do francês que passou a dar vida a móveis de luxo com um design visionário, uma verdadeira coleção de alta moda para casa composta por verdadeiras esculturas.
"A inspiração é a mesma que se vê na alta-costura, com peças geométricas futuristas que trazem um pouco da ideia espacial. O seu objetivo era que os móveis fossem vistos como obras de arte funcionais e por isso mesmo batizadas de "Sculpture Utilitaires", explica Rodrigo.
A coleção de mobiliário continua em produção. Em um primeiro momento, a visão de vanguarda do estilista se concentrava nas formas espaciais destacadas por cores fortes, o uso do ébano e superfícies lacadas. Hoje, com o passar dos anos, o que se vê são aparadores, mesas, cadeiras e acessórios, como luminárias esculturais, sempre em cores vivas e acabamentos lacados mas que fazem alusão às formas orgânicas da natureza com um estilo decorativo típico do design inconfundível de Pierre Cardin. "A linha casa era tão importante quanto a haute-couture para meu tio. As ideias e formas criadas para a moda sempre foram declinadas para o setor do design… Claro que os móveis são mais trabalhosos de se produzir do que um vestido", brinca Rodrigo que, como diretor artístico da empresa, pouco a pouco está introduzindo e experimentando o uso de materiais eco-sustentáveis também na linha Home. "Há muita pesquisa envolvida neste campo e estamos avaliando e reconsiderando reduzir a espessura de algumas peças e optar por materiais que não exijam tratamento químico", conta.
Vestir a casa assim como se veste o corpo humano é a filosofia dos móveis-escultura do Studio Pierre Cardin que, com suas criações de design de luxo, revela o conceito de arte funcional que personaliza os ambientes e nos consente admirar o que é belo. "Em março do ano que vem, iremos lançar uma coleção em ocasião da inauguração da histórica boutique Cardin, de Paris, que fica em frente ao Palais de l’Élysée, o Palácio do Governo", revela o herdeiro do estilista e presidente da marca. "Até mesmo nossos escritórios que ficam nos andares de cima da loja serão completamente decorados com peças de design Pierre Cardin de última geração", adianta. Agora, é esperar para conferir!