Depois de décadas nas quais o consumo exacerbado, baseado no curto ciclo de vida dos produtos e na ânsia de se ter sempre mais, ditou o estilo de vida de boa parte do mundo, as pessoas têm experimentado uma espécie de desaceleração, na qual a atenção volta-se para o essencial.

Na moda, na arte, na gastronomia e no design, o “menos é mais” ganha espaço e promove o resgate do que é simples – e nem por isso menos atraente ou de menor qualidade. Nos projetos residenciais, um fato que ilustra este movimento é o destaque dado ao design escandinavo nos projetos de interiores.

Com linhas simples, cores neutras e foco na funcionalidade, este estilo angaria adeptos em diversos países e já está presente em muitos lares brasileiros.

“Acredito que chegamos em um ponto de viragem importante. Como consumidores, começamos a compreender que não é importante ter dez coisas diferentes, mas sim comprar uma que faça a diferença, que tenha qualidade e história”, avalia Joana Mouta, diretora de marketing da Artek, fabricante de móveis finlandesa.

O design escandinavo refere-se à produção oriunda de países como Suécia, Noruega, Dinamarca, Islândia e Finlândia, que atingiu seu ápice na década de 1950, no período posterior à Segunda Guerra Mundial.

Apresentando peças simples produzidas a partir de elementos naturais, como madeira e couro, o estilo valoriza a funcionalidade e a durabilidade dos objetos, que são pensados para atravessar gerações.

“A ideia principal era unir a funcionalidade à simplificação das formas. É um design que tem um bom acabamento, mas não apresenta muita riqueza de detalhes, como se usava até então”, explica a designer Bia Franzolin, sócia da Ontwerp.

Tais características estão marcadamente presentes no trabalho desenvolvido por nomes como Alvar Aalto, Arne Jacobsen e Eero Saarinen, expoentes do design produzido nos países nórdicos.

Nos ambientes, o destaque dado à iluminação natural e às cores neutras são outras características que dão o tom do design escandinavo. Como o inverno é bastante rigoroso naqueles países, elas contribuem para trazer a claridade para dentro dos espaços.

Assim, a paleta de cores inspirada neste estilo costuma abusar do branco nas paredes e no mobiliário, que é contrabalanceado com tons de cinza, bege e preto. Os pontos de cor, por sua vez, estão presentes em detalhes da decoração ou no verde das folhagens, muito presentes nos ambientes nórdicos.

Para quem deseja fazer de um ambiente ou de toda a casa um pedacinho da Escandinávia, Bia explica que o primeiro passo é pensar na racionalização, otimização e minimalismo dos espaços.

“O design escandinavo serve à pessoa, ao humano. Dificilmente você irá encontrar em um ambiente [deste estilo] um objeto que não é útil no dia a dia”, acrescenta Joana.

Também é preciso abusar dos materiais naturais e pensar em produtos e mobiliários resistentes, que não tenham somente um apelo estético. “Não é só jogar um pelego na cadeira e falar que é design escandinavo”, resume Bia.