Engana-se quem pensa que é o aparelho de TV a grande estrela de um living room. Pode não ser exatamente um consenso, mas boa parte dos arquitetos e decoradores concorda que é em torno de um belo e confortável sofá que deve girar a ambientação deste cômodo.
Trocar de sofá e adotar um estilo diferente do que você já tem em casa, inclusive, é uma excelente forma de dar cara nova à sala de estar. E se você está em dúvida sobre como escolher o móvel para mudar o cômodo, alguns truques podem ajudar a dispor o mobiliário e decidir pelo melhor formato e modelo para cada espaço.
De acordo com as arquitetas Fernanda Mendonça, Bianca Atalla e Elisa Ju, do JMA Estúdio, três questões devem ser levadas em consideração na hora de se escolher um sofá: o tamanho da sala, o tipo de ambiente no qual ele será instalado e quem convive e usa o móvel no dia a dia.
Com relação às proporções, a dica é que o sofá não fique apertado no ambiente. “O ideal é manter uma passagem de ao menos 70 cm nas laterais (seja para servir de circulação ou de espaço para mesinha lateral). Se houver mesa de centro, o recomendado é deixar um espaço livre de no mínimo 50 cm entre o sofá e o móvel, para não atravancar o ambiente”, detalha Fernanda.
Já que a variedade de opções disponíveis é imensa, a sugestão das arquitetas é levar em consideração o ambiente. “Enquanto na sala de estar o ideal são escolhas que prezem mais pelo design, na de TV o modelo deve ser escolhido principalmente pelo conforto”, explicam.
A rotina e composição da família também é importante: “Se a casa tem crianças, o ideal é um sofá com cores mais escuras, que disfarçam uma eventual mancha no tecido. Em casas com animais, como gatos e cachorros, deve-se escolher um tecido mais resistente e fácil de limpar”, sugerem.
Segundo a arquiteta Ana Yoshida, outra dica importante é para o home theater, que pode receber um modelo com espuma mais fofa, que ‘afunda’ e ‘abraça’ o morador. Já no caso de uma sala de estar, onde as pessoas passarão tempo sentadas enquanto conversam, a peça precisa ser mais firme, garantindo ergonomia e postura.
Além de levar esses quesitos em consideração, é possível selecionar opções com estilos específicos e que são certeiros para determinados ambientes. Veja quais são:
Com chaise
Queridinho dos home theaters, o sofá com chaise segue o formato ‘L’ e é ideal para se deitar, ler um livro ou receber visitantes. É interessante que o módulo de chaise do sofá esteja no canto do ambiente, encostado na parede, otimizando o espaço, e não no meio do corredor.
Segundo Fernanda, não é qualquer espaço que pode receber um sofá deste tipo. “Apesar dos modelos com chaise serem super confortáveis e versáteis, o móvel pede certo espaço para ser alocado. Se a circulação for estreita, o ideal é optar por um modelo retrátil, que pode ser recolhido quanto a extensão não estiver sendo usada, ou por pufes complementares”, explica.
Chesterfield
É difícil não reconhecer um sofá inspirado no estilo Chesterfield. De origem britânica, os modelos têm braços arredondados e encosto com botões – um estilo que muita gente também chama de capitonê.
“O sofá chesterfield é um clássico da decoração e existem diversas versões sobre a origem da peça. Até os idos de 1700, os sofás em geral eram peças mais sequinhas e não tão confortáveis. Por volta dessa época, acredita-se que pela requisição do Conde de Chesterfield, Philip Stanhope, foi desenvolvido um modelo mais robusto. A técnica do capitonê, no entanto, data do século XIX, o que nos leva a crer que a peça foi sofrendo alterações ao longo dos anos até chegar no design tão icônico que conhecemos hoje”, detalha a arquiteta.
Por conta dessa história, as peças neste estilo combinam com ambientes tão clássicos quanto a elegância inglesa, o que não significa que não possam ser harmonizados em espaços mais contemporâneos.
Modular
O sofá modular é aquele que tem suas secções grandes e confortáveis e oferece boa acomodação para os moradores e visitantes. Adaptável, conta com módulos que podem ser usados em configurações variadas e de acordo com o ambiente e desejo do morador, como explica a arquiteta Ana Yoshida.
Para Fernanda, a opção é uma boa pedida para fugir dos móveis sob medida em situações nas quais o sofá tem que se adaptar a um ambiente com dimensões fora do padrão ou reduzidas. “Com ele podemos escolher se o móvel vai ter braços ou não, brincar com a volumetria incorporando um pufe entre os módulos ou mesmo acrescentar uma chaise ou um módulo em L. Outra vantagem dos sofás modulares é que, no caso de mudança, a facilidade de adaptar a peça a um novo local é muito maior, vista a flexibilidade de medidas”, acrescenta.
Retrô
O sofá retrô faz parte da tendência de resgate de referências antigas, aliando-o a formas contemporâneas. Seu design depende da época em que foi inspirado. Linhas mais simples, formato retangular e pés palito, por exemplo, formam um estilo que está em alta atualmente e remonta à década de 1950.
O próprio Chesterfield, segundo Fernanda, também pode ser considerado um modelo com pegada retrô, mas mais atemporal. O que se considera atualmente como retrô são modelos mais específicos. “No contexto usado hoje na decoração, um sofá retrô geralmente é caracterizado por linhas de design que remetem aos móveis da primeira metade do século 20, com molduras em madeira, pés elevados ou pés palito”, completa.
*Especial para Haus