Decoração
8 projetos de iluminação para deixar todos os ambientes de casa com luz na medida certa

Foto: Letícia Akemi/Gazeta do Povo | Leticia Akemi
Infinitas possibilidades permeiam o mundo da iluminação. Em meio a múltiplas opções de lâmpadas e luminárias, um objetivo serve como o norte de cada escolha: acertar na combinação que melhor vai valorizar o projeto arquitetônico e trazer conforto para dentro de casa. “Luz é emoção: cria o ambiente, dá a atmosfera. Ela afeta o técnico, o psicológico e até o fisiológico”, comenta a designer de iluminação Helena Gentili. Por isso, cor, intensidade e distribuição são alguns dos pontos obrigatórios pensados em um projeto luminotécnico.
Gentili pontua que vários fatores devem ser considerados para a elaboração de um projeto, como a função e a dimensão do espaço, em qual horário ele será utilizado, os principais pontos de vista que terão os moradores sobre o ambiente, quais serão os revestimentos. “É a partir daí que eu passo a buscar a tipologia de iluminação para entender qual é o melhor sistema pra atingir o objetivo que foi estabelecido pelo arquiteto para o cliente”, explica.

Tendências do setor
Apesar de serem únicos, os projetos luminotécnicos absorvem tendências fortes na área. E, segundo a sócia da Grey House Iluminação Adriana Sypniewski, o perfil de LED é uma das novidades que mais tem agradado aos profissionais. “Eles são sempre feitos sob medida e podem ser usados em dry wall, paredes de alvenaria, gesso, madeira e até pedra”, destaca. Além disso, a solução apresenta diversas cores e potências. “Ele substitui tranquilamente o uso do spot embutido”, afirma.
Sypniewski identifica ainda que, em luminárias decorativas, estão em alta as com forma arredondada e em vidro. Quanto às cores, as apostas se concentram no dourado e no rosé gold. Gentili reforça a tendência: o ouro envelhecido é a cor do momento, assim como uma pegada vintage no design dos lustres e até das próprias lâmpadas.
Confira a seguir oito projetos que exploram diferentes conceitos através da iluminação, entregando ambientes com conforto, praticidade e eficiência.
Iluminação como protagonista
De ambiente de passagem, a circulação virou o verdadeiro coração do apartamento. Foi apostando na iluminação que a arquiteta Flávia Bonet transformou o corredor em um ambiente cênico. Para isso, usou quatro perfis de LED, que ficam incorporados às paredes revestidas com lâmina natural de nogueira. “O corredor é o cômodo da casa em que as pessoas mais passam, então eu quis fazer com que ele parecesse uma obra de arte”, conta Bonet. Com a possibilidade de serem encomendados em diversos tamanhos, os perfis de LED se destacam pela praticidade, já que podem ser trabalhados em harmonia com vários materiais.

No corredor, seis spots reforçam a intensidade da luz. O revestimento se estende das paredes às portas dos quartos e dos armários, que ficam disfarçadas pela madeira. Assim, a iluminação extrapola sua função e se torna decorativa.

O projeto do apartamento, localizado no Rebouças, em Curitiba, foi desenhado para trazer praticidade à família composta por um casal e duas filhas pequenas. A solução em perfil de LED não ficou restrita à circulação: no closet e na suíte master, ele também foi utilizado. Em ambos os casos, foi criado um triângulo com os pontos de luz — dois frontais e um traseiro. A estratégia impede a formação de sombras, tornando o espaço ideal para maquiagem.

A céu aberto
Localizada em São Paulo, a chamada Casa Marquise foi pensada para ser um QG familiar no fim de semana a partir de espaços que promovessem a união das pessoas. Projetada com inspirações modernistas pelo escritório FGMF Arquitetos, a casa é dividida em um espaço privado, que fica no espaço inferior do terreno, e um comum, que toma o andar superior. Essa marquise, de 250m², é composta por sala, piscina, pátio central, área gourmet, corredor e área de serviços, e fica suspensa sobre a área dos quartos.

Durante o dia, o ponto alto é justamente a iluminação natural. “Colocamos vidros temperados, totalmente transparentes, fazendo com que a sala vire uma grande varanda em meio às árvores”, relata Fernando Forte, um dos arquitetos à frente do escritório. “As vedações existentes aqui são mínimas, e utilizamos basicamente vidro e revestimento amadeirado”.

À noite, o paisagismo também ganha destaque por conta do uplight — efeito que se ganha jogando a luz de baixo para cima, e que nesse caso valoriza a altura das árvores. Em contrapartida, os spots embutidos no gesso trazem destaque para a própria construção, criando a ilusão de que a marquise flutua no terreno. A piscina também tem sua própria iluminação, para garantir visibilidade em dias festivos.

Uplight interno

A técnica do uplight também foi utilizada pela arquiteta Eliza Schuchovski, da SCK Arquitetura, no projeto de uma sala integrada, em Curitiba. As luzes ficam junto às colunas que separam as escadas do hall, criando um ambiente mais cênico com silhuetas bem demarcadas. O desenho da sala, com pé direito duplo, valoriza ao máximo a iluminação natural através de grandes janelas.

Em pontos que demandam maior intensidade de iluminação, a arquiteta trabalhou com iluminação indireta e horizontal a partir de abajures e pendentes. É o caso da luminária Flos, que também tem seu peso pelo design. “Eu acredito muito na iluminação decorativa para potencializar o projeto. A luminária cria uma atmosfera mais moderna, mais atual”, relata. A dimerização das luzes na sanca também são destaque, permitindo a adequação da intensidade conforme o uso.

Entre o formal e o contemporâneo
No ambiente que integra living e sala de jantar, cabe à iluminação o papel de transição. “Fizemos rasgos no gesso com a proposta de criar um quadrado iluminado para marcar o living como ponto principal da sala com a sofisticação”, conta Maria Alice Crippa, do escritório Crippa e Assis Arquitetura. Em contrapartida, a mesa de jantar ganha uma composição com pendentes espelhados em forma arredondada, identificados pela arquiteta como uma das principais tendências em lustres, e que trazem uma áurea contemporânea.

No apartamento curitibano moram um casal jovem e duas filhas. Para o ambiente, foram priorizadas linhas retas e tons claros e neutros, com toques mais escuros. É o caso da estante embutida na parede e revestida com couro, que ganha destaque com seus próprios spots.

Desenhos com LED
O ambiente que reúne as portas de entrada, da cozinha, da área íntima e do lavabo era um desafio: quando todas as outras paredes do apartamento são brancas, como chamar atenção para o espaço que é entrada para tantos outros? “Criamos uma galeria com um painel ripado de madeira com portas ocultas e fitas de LED”, explica Marina Cardoso de Almeida, do escritório TRIA Arquitetura.

O tamanho das ripas de madeira do revestimento é o mesmo da fita de LED, que são intercalados. Como as fitas de LED funcionam através de um reator, a solução encontrada foi colocar o aparelho no entre forro. “Como o forro também é de madeira, a gente consegue usar o vazio entre o forro e a laje a nosso favor”, relata a arquiteta. A saída também permitiu trabalhar com diferentes comprimentos na iluminação, criando um desenho na madeira.

O espaço de 7m² integra um apartamento em São Paulo que tem como destaque diversas obras de arte espalhadas nas paredes. Com o projeto, o hall também esconde a área íntima da casa. Além disso, “A brincadeira da iluminação entrou para o lavabo, que também tem as fitas no gesso”, completa a arquiteta.

Concreto e cortiça
Também desenhado pelo escritório TRIA Arquitetura, o apartamento Joaquim Antunes tinha como proposta integrar a maior parte de ambientes possíveis. Assim, o principal espaço da casa paulistana é multifuncional: tem cozinha, sala de jantar e de estar. Sua característica marcante é o concreto nas paredes, que é contraposto a elementos quentes para trazer o aconchego para casa. “Usamos materiais que fizessem contraste ao concreto, para não ficar tão frio e bruto. Por isso a madeira nos móveis e as cores azul claro e branco”, comenta Cardoso de Almeida.

Para conseguir seguir essa premissa e, ao mesmo tempo, não criar sombras em pontos estratégicos do espaço integrado, o escritório apostou em uma luminária com pendentes de cortiça sobre a mesa de jantar e dois trilhos com spots que podem ser redirecionados conforme o uso. A arquiteta aponta que, ao contrário do ponto central, o trilho tem vantagens na instalação. “Como ele é linear e ocupa uma área grande, o ponto de fiação elétrica pode estar em qualquer local do trilho. Já com o pendente, tivemos que rasgar um trecho do reboco da laje para centralizar na mesa”, explica.

Lustres na decoração
O ambiente projetado pela arquiteta Bárbara Kubrusly preza pelo conforto. Localizado no Água Verde, em Curitiba, o apartamento voltado a apenas uma moradora traz uma conversa entre o requinte e o despojado. A arquiteta trabalhou com a sala de estar e jantar integradas, apostando na iluminação indireta e quente em todo o espaço, a partir de fitas de LED embutidas nas sancas de gesso.

Em contrapartida, os dois lustres de cristal sobre a mesa de jantar marcam território. “É uma peça com cristal e em tons rosé, que combina com os tons do apartamento, e serve como uma peça de destaque dentro do ambiente”, declara Kubrusly. Além disso, o projeto luminotécnico permite cinco circuitos, criando cenários diferentes a cada combinação — acendendo todas as luzes acesas, apenas os lustres ou pontos específicos na adega e cristaleira.

Conforto nos circuitos

Oito possibilidades de ambientação são o destaque do design de iluminação assinado pela Stal Arquitetura em um apartamento de São Paulo. O ambiente principal da casa é composto por jantar, estar, home office e uma varanda que foi incorporada ao ambiente. A aposta das arquitetas é iluminar pouco a circulação e trazer pontos centrais mais estratégicos.

“Nós procuramos fazer a iluminação toda em função do layout, distribuindo os circuitos de forma a criar cenas adequadas aos diferentes usos”, explica Stella Teixeira, arquiteta do escritório. Outra aposta das profissionais é o uso de lâmpadas dicroicas, que trabalham uma luz geral e têm foco mais aberto. “Geralmente ilumina a circulação, e não quer um ponto específico”, acrescenta.
