Arquiteta transforma paredes descascadas de uma reforma em obras de arte para Bienal de Curitiba

Daniela Busarello
18/12/2017 17:30
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Fotos: Vilma Slomp

Cosmografia Raw [crua]
O arquiteto deve ter um olhar aguçado, curioso, atento, para aprender com o que observa, para criar detalhes, para construir com dedicação. No Brasil as nossas obras em geral começam do “zero”, um terreno, um apartamento novinho. A experiência que tenho tido em Paris é completamente oposta. Aqui é reforma do existente. Tudo começa a partir de uma outra história, alguém que já viveu e já mudou, e veio outro e mudou…e outro…e outro…
Cada apartamento tem camadas e camadas de história e vida. E em algumas destas obras acontecem surpresas estéticas muito interessantes, resultado dessas descamações/vidas. Tiro retratos destas vidas através de suas “peles” — paredes.
Vísceras, erotismo, mistério e beleza do “nu e cru”. É o olhar atento de arquiteto que vai adiante, em direção à arte. Estas fotografias, da série Cosmografia RAW [crua], são uma continuidade do meu trabalho feito com desenho e pintura. Uma pesquisa que traça um paralelo da minha própria vida — e ser feminino —, com a minha experiência de arquiteta, de trabalhar o espaço interno.
Me aproprio do universo do plano cósmico e natural, de tudo que rege nossas energias, até o universo emocional íntimo, que acontece dentro da gente. É uma linguagem poética, delicada,
erótica, feminina e visceral. E assim desenvolvi uma linguagem-paisagem utópico–onírica própria ao meu universo.
Três fotos, pregadas (literalmente) na parede, estão em exposição no Memorial de Curitiba, por ocasião da Bienal Internacional de Curitiba, escolhidas pelo curador americano Royce Smith, até fevereiro 2018. Agradeço imensamente à Luciana Casagrande Pereira, pela oportunidade de apresentar meu trabalho ao curador. E desde sempre, à Vilma Slomp, tia e musa, que me inspira como mulher e artista.

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