Quando se trata de renovar e modernizar um imóvel, arquitetos e engenheiros trabalham com diversas técnicas e conceitos. Duas alternativas bastante populares são a reforma e o retrofit. Apesar de frequentemente utilizados pelos profissionais da área, nem sempre estes termos são compreendidos corretamente pelos clientes.

Ambos os conceitos se referem a intervenções realizadas em imóveis ou edificações já existentes, mas possuem objetivos distintos. Entender as diferenças entre as técnicas é importante para evitar equívocos e garantir que as modificações estruturais sejam bem planejadas e executadas de forma eficiente.

De acordo com a designer de interiores Giseli Koraich, do escritório Infinity Spaces Arquitetura e Interiores, o retrofit, pela tradução literal, entrega um conceito de "colocar o antigo em boa forma". “Assim, ele entra no sentido de renovação, mas sempre mantendo as características originais da edificação. Já a reforma adentra um contexto de reconstrução, resolvendo questões inadequadas, com a necessidade de reparos ou de realizar um novo projeto”, explica a especialista.

A principal diferença entre as técnicas está no foco das intervenções: enquanto a reforma visa atualizar a estética, a funcionalidade e promover mudanças significativas no imóvel, o retrofit se concentra em otimizar os sistemas existentes, como o isolamento térmico, a iluminação, os acabamentos, a renovação da parte elétrica e hidráulica, bem como a revitalização de fachadas.

Elaborar um projeto pode ser desafiador e depende de uma abordagem cuidadosa. Para definir se o seu projeto tem mais a ganhar com uma reforma ou um retrofit, o ideal é contar com o suporte de uma equipe de arquitetos, engenheiros e designers especializados nas duas técnicas. Os profissionais saberão avaliar as características do imóvel e indicar a melhor solução para renovar e aprimorar a infraestrutura, a estética e a funcionalidade da edificação.

O primeiro passo realizado será uma avaliação detalhada do imóvel, identificando as áreas de melhoria. Além disso, ao elaborar um projeto, é importante considerar a viabilidade financeira das intervenções propostas. Vale a pena realizar um estudo de custo-benefício para avaliar o retorno do investimento em longo prazo, levando em conta o potencial de ganho em eficiência energética, economia de recursos e redução nos custos operacionais.

De acordo com Giseli Koraich, cada serviço deve ser contratados em situações específicas. “A reforma se traduz como a melhor solução quando o imóvel não atende ao uso e precisa de alterações significativas para melhorar o aspecto estrutural. Por esse olhar, é permitida a descaracterização do local, sem o compromisso de manter o padrão original. Por outro lado, o retrofit é empregado em casos de modernização e ajustes nos ambientes, onde uma nova identidade para o imóvel é concebida, mas sem alterar as características originais por completo”, ressalta.

Segundo Gisele, um dos pontos positivos do retrofit é a integração e a funcionalidade. Além disso, esse tipo de projeto oferece a possibilidade de não deixar o imóvel inutilizado por muito tempo, já que se trata de uma técnica muito mais rápida e flexível. A especialista destaca ainda o custo-benefício, "muito vantajoso, já que o retrofit gera uma economia de até 40% no valor por metro quadrado, pois, ao invés de trocar materiais, trabalha-se na melhoria deles”.

Já a reforma permite corrigir problemas estruturais, funcionais ou de segurança. Além disso, tem o potencial de aumentar o valor de revenda ou locação do imóvel. Contudo, o processo da reforma pode ser um pouco mais demorado do que o retrofit.

Apesar de ter origem na Europa, devido à necessidade de preservação de prédios antigos históricos, o retrofit tem conquistado seu espaço no Brasil. Um dos seus usos é na atualização de patrimônios históricos, que, por lei, não podem passar por reformas que alterem sua personalidade. “O retrofit tem se tornado tendência de construção sustentável, proporcionando a revitalização de edifícios antigos e históricos. Aqui no Brasil, temos o Hotel Fasano, em Salvador; a Pinacoteca de São Paulo, o Edifício Martinelli, o SESC Pompeia, em São Paulo, entre outros”, exemplifica a designer.