Ambientes corporativos

Arquitetura

Projeto de arquitetura melhora produtividade e saúde emocional de colaboradores da Nissan

Sharon Abdalla
14/03/2024 18:32
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Área do café também funciona como espaço de conexão entre os colaboradores e o ambiente externo. Na foto, o escritório do Rio de Janeiro | Divulgação/Nissan

Antes da pandemia de Covid-19, duas em cada três pessoas compareciam ao escritório cinco dias por semana. Atualmente, o índice é de uma em cada cinco. Em contrapartida, a participação do modelo híbrido de trabalho triplicou. Os dados são do estudo "Futuro do trabalho: Os modelos para o local de trabalho na América Latina", divulgado pela JLL, empresa de serviços imobiliários especializada em propriedades comerciais e gestão de investimentos.
Foram ouvidos 289 gerentes de RH e financeiros de empresas em 13 países latino-americanos e o desafio comum compartilhado por uma em cada quatro companhias refere-se ao baixo comparecimento dos colaboradores aos escritórios, atribuído à falta de ferramentas para medir e, especialmente, incentivar a presença deles nos espaços corporativos.
É aqui que a arquitetura se torna uma aliada não somente para a atratividade dos escritórios, mas também para a retenção de talentos pelas empresas. Se antes do período pandêmico os ambientes corporativos poderiam ser descritos como sequências de mesas e computadores, agora eles apresentam características bem diferentes, fazendo dos escritórios um local de "encontro e convivência dos funcionários", como aponta Lívia Filgueiras, gerente senior de RH da Nissan.
"Há alguns anos, a Nissan vem passando por uma transformação cultural com foco na promoção do bem-estar, inovação e entusiasmo, em um ambiente de trabalho diverso, equitativo e inclusivo, onde todos os seus funcionários possam se desenvolver e se sentir realizados e motivados para entregar o seu melhor. Por priorizar o bem-estar de seus talentos, a Nissan flexibilizou as jornadas durante o retorno aos escritórios pós-pandemia, para melhorar a experiência de trabalho, dando lugar a um melhor equilíbrio entre a vida pessoal e profissional. Foi a primeira montadora na América do Sul a anunciar até 80% de trabalho remoto para 100% dos funcionários administrativos", conta Lívia. Na empresa, os colaboradores podem escolher o modelo híbrido que mais se adequa às suas necessidades, comparecendo ao escritório doze, oito ou mesmo quatro vezes ao mês.
Grafismos e cores que remetem à cultura japonesa são um dos destaques do projeto. Na foto, o escritório do Rio de Janeiro | Divulgação/Nissan
Grafismos e cores que remetem à cultura japonesa são um dos destaques do projeto. Na foto, o escritório do Rio de Janeiro | Divulgação/Nissan
Desde 2023, a empresa também tem investido na remodelação do conceito de seus escritórios no Brasil e na Argentina, investindo em projetos de espaços renovados e compartilhados. Aqui, o primeiro deles, de São Paulo, foi inaugurado em maio passado. Em janeiro de 2024, foi a vez do escritório de Curitiba e, nesta quarta-feira (13 de março), o do Rio de Janeiro, sede da empresa no país.

Arquitetura para a eficiência

Projetar para a eficiência e a atratividade demanda atenção a diversos aspectos, que vão da identificação das necessidades do usuário, a compreensão de como tornar o projeto de arquitetura mais eficaz e útil e identificar com clareza a motivação para a escolha de cada detalhe contemplado.
A partir deste tripé, e tendo à frente John Sahs, diretor do Nissan Design Center América Latina, o conceito de remodelação dos escritórios foi baseado em sustentabilidade, cultura japonesa e espaços colaborativos, recebendo o nome "Cool & Casual Zen", com o objetivo de aproximá-los o máximo possível da experiência do ambiente doméstico dos colaboradores.
Integração entre áreas internas e externas é característica constante nos ambientes. Na foto, o escritório do Rio de Janeiro | Divulgação/Nissan
Integração entre áreas internas e externas é característica constante nos ambientes. Na foto, o escritório do Rio de Janeiro | Divulgação/Nissan
O DNA japonês da marca é percebido em muitos detalhes, especialmente no uso das cores, que privilegia preto, branco e vermelho. A madeira (conhecida por promover sensação de aconchego) também está presente de forma pontual e faz referência à engawa, tipo de construção típica japonesa, uma espécie de varanda na qual é possível desfrutar dos espaços interno e externo, sem separações entre a casa e o jardim.
"É um lugar onde nossos colaboradores e colegas podem conversar [...]. Também criamos espaços individuais para trabalhar ou fazer reuniões, temos salas abertas e fechadas, sendo possível ver através delas. Nos inspiramos em alguns estilos artísticos que fazem parte da tradição, da cultura, em padrões gráficos com temas japoneses que cumprem a função de dar uma sensação de privacidade para as pessoas no ambiente, permitindo que tenham visão do exterior e contem com muita iluminação natural", detalha Sahs, em vídeo de apresentação do projeto.
Espaços de convívio abertos promovem mais conexão entre os colaboradores. Na foto, o escritório de São Paulo | Divulgação/Nissan
Espaços de convívio abertos promovem mais conexão entre os colaboradores. Na foto, o escritório de São Paulo | Divulgação/Nissan
A conexão com o ambiente exterior é reforçada também pela presença de plantas nos ambientes internos, que purificam o espaço, contribuem para a redução do ruído, favorecem a concentração e a sensação de bem-estar.
"O papel do design é apresentar soluções para os problemas, para melhorar a comunicação com um espaço que permita trabalhar com conforto, para que as pessoas se sintam melhor. Nossa proposta ajuda a criar e refletir a cultura da Nissan, incentivando as pessoas a se desafiarem para criar uma energia positiva, liberando todo seu potencial", comenta Sahs, em nota.
Ambientes foram projetados para se assemelhar ao espaço doméstico. Na foto, o escritório de São Paulo | Divulgação/Nissan
Ambientes foram projetados para se assemelhar ao espaço doméstico. Na foto, o escritório de São Paulo | Divulgação/Nissan

Eficiência

O investimento nos projetos de arquitetura das unidades é visto como uma oportunidade de impactar positivamente a qualidade de vida dos colaboradores, o que se traduz de maneira visível nos resultados alcançados. Segundo Lívia, gerente senior de RH da Nissan, a ocupação mensal dos escritórios brasileiros tem sido de 90%.
Além disso, em 2023 a empresa foi eleita como uma das melhores para se trabalhar no Brasil pela consultoria Great Place to Work pelo 2º ano consecutivo, além de outros três reconhecimentos: é uma das Melhores Empresas para Trabalhar no estado do Rio de Janeiro, destaque em "Saúde Emocional" (categoria que considera comentários, perfil e a maturidade emocional dos colaboradores) e uma das Melhores Empresas para Trabalhar no estado do Paraná (que é base de parte da equipe de Engenharia, Qualidade e Compras da empresa).
"Em dezembro, veio o último reconhecimento: TOP 50 Melhores Empresas entre as indústrias do Brasil", completa a executiva, lembrando que o ranking considera duas etapas e leva em consideração notas e avaliações dos funcionários na pesquisa Great Place to Work além de avaliação das práticas culturais da companhia.
Impacto na remodelação dos escritórios se refletiu nos resultados da empresa | Divulgação/Nissan
Impacto na remodelação dos escritórios se refletiu nos resultados da empresa | Divulgação/Nissan
Os avanços também apareceram nas pesquisas internas de clima organizacional, com destaque para o engajamento dos funcionários. "[É] um dos principais itens da pesquisa [...] e aumentou quase 10 pontos se compararmos com três anos atrás, quando lançamos o programa de flexibilização da jornada de trabalho, entre outras ações e projetos de transformação cultural da empresa [incluindo a renovação dos projetos de arquitetura dos escritório], finaliza a gerente senior de RH da Nissan.

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