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Arquitetura
Projeto de arquitetura focado na experiência celebra Carnaval "raiz" em camarote da Sapucaí

Os interiores do Camarote da Arara são essenciais para alavancar a iniciativa a ícone do Carnaval carioca. | Divulgação
Resgatar a experiência do Carnaval antigo em plena Marquês de Sapucaí. Este era o objetivo do produtor cultural Pedro Igor Alcântara e da profissional de marketing Malu Barretto quando transformaram a Arara em camarote no sambódromo do Rio de Janeiro. Renomada entre os foliões cariocas, a Arara é baile desde 2015, mas surgiu a partir do homônimo escritório especializado em projetos criativos que é tocado pelos sócios, apaixonados pelo Carnaval em todas as suas esferas, da rua ao baile, do baile à Avenida.
Como entusiastas da festa de Momo, a dupla tinha na mira ir na contramão de outras iniciativas, garantindo que os convidados do Camarote da Arara experimentassem o Carnaval como protagonista. "É um privilégio estar lá, é muita gente que trabalha o ano inteiro pra fazer aquele espetáculo e o camarote existe em função dos desfiles. A gente nunca faria nada que fosse o contrário. Uma festa eletrônica que poderia acontecer na Marina da Glória não tem porque acontecer na Sapucaí", avalia Alcântara.
O incômodo citado pelo produtor cultural é com propostas que levam para o Sambódromo ações pouco ou nada relacionadas com a folia, com destaque excessivo a marcas e patrocínios, sem contexto. Para avançar em outra direção, o Camarote da Arara estreou em 2020 focado em promover a experiência do Carnaval - e, para isso, a cenografia e o projeto arquitetônico têm desde então papel essencial.
"A cenografia foi pensada para elevar a experiência de um camarote que eu, como apaixonado pelos desfiles, não encontrava: um lugar em que eu me sentisse confortável. [Buscamos] mais uma decoração do que uma cenografia. A gente não quer parecer um ambiente que não é a gente, a gente quer enaltecer aquela construção, aquele templo", conta.
Para o Carnaval deste ano, a presença de muito neon, iluminação cenográfica bem cuidada e uma cartela rica em tons de vermelho, azul e rosa promoveram unidade por todo o camarote, com ambientes distribuídos em três andares. O térreo, onde fica a frisa (área com cadeiras) para acompanhar os desfiles, contou com um grande bar e até com uma boate na parte interna, com mais bares, espaço para shows e lounges. No primeiro e segundo andares, áreas voltadas à gastronomia e ao descanso mantiveram a proposta de criar experiências aos convidados, com bares e ativações de outros parceiros.
Esse uso amplo de elementos luminosos e de cores é a característica mais marcante na construção feita a partir da identidade e do DNA tropical dessa "grife carnavalesca" que a Arara se tornou. "A cada ano a gente se renova em cartelas de cores, em novas formas de trabalhar a luz, em novos grafismos, no desenvolvimento de uma identidade forte daquele ano. Foi bonito ver ali como a identidade de 2024 se desenvolveu no camarote", comemora o produtor cultural.

Outro destaque foi para a a fachada do camarote, transformada num navio com a assinatura de Jean Paul Gaultier, o principal patrocinador, mas sem qualquer logo ou alusão explícita, numa proposta de comunicação mais moderna sobre o universo da marca. Para arrematar o espaço com um aceno às descontração carioca, paredes inteiras decoradas por lambe-lambes remeteram à tropicalidade e à história de outros carnavais, num mix que garante textura e interesse extra à comunicação visual.