Arquitetura

Antiga fábrica de Curitiba dará lugar a megaempreendimento com arquitetura contemporânea

Sharon Abdalla
Sharon Abdalla
26/12/2019 21:04
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Imagem: divulgação

A caixa d’água avistada de longe e o cheirinho de café torrado na altura da antiga fábrica do Café Damasco representaram anos a fio a chegada a Curitiba para quem vinha do interior do estado pela BR-277. Mais de uma década depois, ambos irão voltar a fazer parte do dia a dia da região do Órleans, só que a partir de outra perspectiva. Isso porque a fábrica, desativada desde 2010, dará lugar a um megaempreendimento que fará da área um novo marco paisagístico da capital.
Trata-se do Parque Damasco, complexo arquitetônico baseado em cinco eixos de ocupação: hospitalar, de alimentação, residencial, comercial e de lazer, apresentado por um grupo de investidores, entre eles Marcos Bodanese, que conversou com a reportagem sobre o projeto.
“O que temos como previsão inicial é um projeto para [ser erguido] em cinco anos. Mas tudo depende de como vamos [viabilizar] as incorporações e desenvolver os projetos. Até agora, idealizamos o masterplan com uma argumentação dentro do que a legislação permite, o protocolamos junto à prefeitura e apresentamos ao prefeito [Rafael Greca]. A previsão é a de lançarmos a pedra fundamental em março do ano que vem”, conta Bodanese.
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O projeto

Com 154 mil m², a área – que contempla diferentes zoneamentos em seu interior – irá abrigar diversas edificações, cujas especificações de altura e metragem ainda dependem do que será ou não autorizado pelos órgãos municipais. O que já se sabe, no entanto, é que todas elas terão uma linguagem contemporânea, que fará com que os prédios, mesmo voltados a diferentes usos, “conversem” entre si e formem um complexo único.
“A ideia é trazer uma arquitetura moderna. Vamos manter o bosque nativo, de aproximadamente 35 mil m², todas as Araucárias existentes e a caixa d’água, que é um dos símbolos do Café Damasco e tombada pelo patrimônio histórico”, explica Manuel Marcos Baggio Pereira, arquiteto da Baggio Schiavon Arquitetura, que assina o masterplan do Parque Damasco. Além dele, participam do projeto pelo escritório Flavio Schiavon, Ken Uehara e Márcia Azuma.
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Além de preservada, a caixa d’água terá lugar de destaque no projeto, sendo ponto focal da avenida que será criada dentro da área para garantir a circulação e o acesso a cada um dos cinco eixos de ocupação do complexo. Ela irá conectar, principalmente, os setores residencial e hospitalar ao mercado, que funcionará nos moldes de um mercado municipal, no qual será possível tanto adquirir produtos e ingredientes quanto realizar refeições.
“Será o Mercado dos Povos, celebrando o relacionamento que as diferentes etnias têm ao conviver em harmonia no Paraná. Nele, teremos uma parte voltada ao resgate, para contar a história de Curitiba e do estado, além de um memorial do café”, conta Bodanese.
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Hospital filantrópico

Um dos pontos altos do projeto, no entanto, é o Hospital da Beneficência Árabe do Paraná, que terá sua obra realizada e será gerido pela Sociedade Árabe de Beneficência (Saben). Com previsão de aproximadamente 500 leitos, o hospital geral terá foco em algumas subespecialidades, como cardiologia, neurologia, oncologia, pediatria e cirurgia geral, além de maternidade. Quem conta é o presidente da Saben, Rached Hajar Traya.
“O plano de negócios do equipamento hospitalar vislumbra uma estrutura que sirva não somente a um bairro ou à cidade, mas a uma macrorregião, e até a estados e países vizinhos”, acrescenta. Para isso, além da área do hospital propriamente dito, o prédio, que deverá ser o primeiro do complexo a ter suas obras iniciadas, também contará com espaços de apoio e diagnóstico, para que os pacientes não precisem se deslocar para realizar possíveis exames.
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Um senior living, que oferecerá hospedagem para idosos e familiares de pacientes que venham acompanhá-los à cidade, também está previsto no masterplan do Parque Damasco. O mesmo ocorre com o prédio que será destinado aos consultórios comerciais e a área de piscina, que trará um equipamento com ondas para a prática de surf indoor.
Do mesmo porte da magnitude do projeto é o investimento previsto para colocá-lo em pé, que gira na casa dos R$ 4 bilhões, segundo Bodanese. “Precisamos ter muita responsabilidade no desenvolvimento do projeto. Qual é o exemplo que vamos deixar com ele? Daqui a 50 anos essa obra servirá como referência. Estamos empenhados e vamos fazer isso”, reforça o investidor.
Parte disso, segundo ele, virá do apelo sustentável do complexo. Isso porque, além da manutenção da vegetação e das Araucárias existentes na área, o projeto de implantação do complexo prevê soluções e materiais capazes de permitir aos edifícios pleitear certificações de sustentabilidade, como o selo Leed.
Veja o vídeo de apresentação do projeto.

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