Arquitetura

Estudantes de arquitetura se negam a projetar casa com área para empregados

HAUS
30/07/2017 20:04
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Curso de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) está no centro da polêmica. Foto: Foca Lisboa / Reprodução UFMG

Em nota publicada na última quinta-feira (27) na página do Facebook do Diretório Acadêmico da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), estudantes do curso da instituição mineira esclarecem porque se recusaram a projetar um imóvel de alto padrão com área de serviço exclusiva para empregados.
O trabalho acadêmico foi solicitado pelo professor Otávio Curtiss, responsável pela disciplina “Casa Grande”. Era necessário entregar um estudo preliminar baseado em uma residência de 800 m² a ser hipoteticamente construída em um terreno da cidade de Nova Lima (região metropolitana de Belo Horizonte).
Era necessário projetar uma casa com área social e cinco suítes. Além disso, pedia-se área de serviço com cozinha, lavanderia, despensa, depósito, cômodos técnicos, quartos e banheiros para oito empregados.
Para os alunos, de acordo com a nota publicada na rede social, o trabalho “reforça valores racistas e escravocratas”.
Em um dos trechos os alunos ressaltam que “após 129 anos da abolição da escravidão no Brasil, no entanto, a estrutura escravocrata ainda segue presente no cotidiano brasileiro. Como discutido em diversas disciplinas na EAD-UFMG, o quarto de empregada, por exemplo, tem como origem a segregação escravista. Ele surge como uma solução para separar empregados e patrões que permaneceram vivendo juntos após a abolição, em 1888.”
A postagem tem cerca de 1,5 mil compartilhamentos e centenas de comentários que se dividem entre os que apoiam o repúdio dos alunos e os que veem na disciplina o ensino de uma arquitetura que tem mercado: os projetos de alto luxo.
O professor Otávio Curtiss, em entrevista para o jornal O Estado de Minas, explicou que “os alunos não são obrigados a cursar essa disciplina para obterem o grau de arquitetos.” A UFMG ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso.

Veja a íntegra da nota

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