Estilo & Cultura
Arquitetura no cinema: dez filmes para repensar a relação com as cidades
No filme "Las Insoladas" o estilo de vida de Buenos Aires é descrito por meio dos diálogos entre seis amigas que estão em um terraço da cidade argentina. Foto: Divulgação
O cinema é uma arte capaz de retratar realidades diversas e espalhá-las pelo mundo. Somado à arquitetura, faz um convite à reflexão: como nos relacionamos com nossos centros urbanos? Como é possível melhorar ou desenvolver essa relação? Haus preparou uma lista de filmes que promovem esse debate em seus roteiros ou o utilizam como pano de fundo para suas histórias.
Playtime, Jacques Tati (1967)
O jornalista e crítico de cinema Marden Machado recomenda “Playtime”, filme de Jacques Tati. Para ele, a obra “tem um desenho arquitetônico muito interessante”. Uma Paris totalmente futurística é usada como cenário para as aventuras do senhor Hulot, que tenta se encontrar com um oficial americano na capital francesa. O segredo, segundo Machado, está na maneira como Playtime mostra as personagens se movendo, explorando os limites da simetria.
Duração: 2h04′
A Cidade onde envelheço (2013)
Francisca e Teresa são duas portuguesas vivendo no Brasil. Enquanto a primeira já está estabelecida em Belo Horizonte, a segunda acaba de chegar à cidade. Francisca sente saudades de Lisboa, Teresa está entusiasmada com as possibilidades de morar em uma nova cidade. Esse é o pano de fundo para “A cidade onde envelheço”, com direção de Marília Rocha. Ao longo do filme, muitas cenas retratando a relação das duas amigas entre si e com a capital mineira, relações que também são determinantes para a importante decisão de ir embora ou continuar no Brasil.
Duração: 1h39′
A cidade é uma só? (2011)
À época do cinquentenário de Brasília, em 2010, o diretor Adirley Queirós propôs uma reflexão sobre a capital brasileira. Partindo da Campanha de Erradicação de Invasões (CEI), que retirou os barracos que circundavam Brasília em 1971, o filme “A cidade é uma só?” leva o espectador a repensar o processo contínuo de exclusão social em que o conceito de Brasília se baseia.
Duração: 1h13′
City of Trees (2015)
Filmado ao longo de dois anos, “City of trees” é um documento audiovisual dos paradoxos enfrentados pelas sociedades urbanas. O diretor Brandon Kramer mostra o trabalho do ativista Steve Coleman, da organização sem fins lucrativos Washington Parks & People. Coleman precisa contratar 150 desempregados para que ajudem no plantio de milhares de árvores em Washington D.C. e, ao mesmo tempo, treinar essas pessoas para esse tipo de trabalho. A Washington Parks & People foi criada em 1990 com o objetivo de diminuir feridas sociais por meio da criação e manutenção de áreas verdes nas comunidades mais pobres e violentas. O filme discute os problemas vividos nas grandes cidades e também a relação humana com a natureza.
Duração: 76′
Fireworks Wednesday (2006)
Lançado em 2006, “Fireworks Wednesday”, do cineasta iraniano Asghar Farhadi, fala sobre o cotidiano de Teerã. O filme empresta o nome de uma festa tradicional do Irã, realizada na última terça-feira do ano, quando os iranianos soltam fogos de artifício enquanto pedem para que o fogo leve embora todos os acontecimentos indesejados do ano que se encerra. O ritual tornou-se quase um problema em uma cidade superlotada e é aí que a história do filme se desenvolve. “Fireworks Wednesday” se passa em um único dia e mostra uma Teerã agitada, convivendo com um clima que beira a tensão.
Duração: 1h44′
Elefante branco (2012)
Do diretor Pablo Trapero, o filme conta a história do padre Julián, vivido por Ricardo Darín, que tenta ajudar os moradores de uma favela de Buenos Aires chamada Villa Virgen. O roteiro retrata a profunda desigualdade social vivenciada pela população local, realidade comum a tantas outras cidades.
Duração: 1h45′
Intriga internacional (1959)
Um clássico do ainda mais clássico Alfred Hitchcock. O filme narra a história de um publicitário que, confundido com um agente secreto, precisa lutar para provar sua inocência em um caso de assassinato. Machado avalia que esse é um filme com muitos detalhes arquitetônicos importantes. Um dos exemplos é uma cena “bem no início, que mostra o recém-inaugurado prédio da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York”.
Duração: 2h16′
In Bruges (2008)
Comédia ácida, “In Bruges”, de Martin McDonagh, recebeu no Brasil o título de “Na mira do chefe”. O filme tem como cenário a pacata Bruges, na Bélgica, considerada a cidade medieval melhor conservada da Europa. No filme, dois matadores de aluguel são enviados à cidade por seu chefe como um presente enquanto esperam sua próxima missão. Trata-se de uma obra que mostra como as paisagens influenciam a construção de nossa consciência individual.
Duração: 1h41′
Las insoladas, Gustavo Taretto (2015)
O longa Medianeras, de 2011, é um ótimo exemplo de filme que retrata a relação das pessoas com o universo urbano. Quatro anos depois, o diretor de Medianeras, Gustavo Taretto, voltou a retratar Buenos Aires. A história gira em torno de uma conversa entre seis amigas enquanto elas tomam banho de sol no terraço de um edifício portenho. Ao fundo, o skyline da capital argentina serve de cenário para as teorias e sonhos das personagens. O estilo de vida da cidade também é retratado por meio dos diálogos e aspirações das seis amigas.
Duração: 1h45′
Detropia (2011)
A crise financeira experimentada pela cidade de Detroit, nos Estados Unidos, é o ponto de partida para o filme de Heidi Ewing e Rachel Grady. Falido, o local antes próspero se tornou lar de todo tipo de problema urbanístico. O documentário mostra como os moradores de Detroit se organizaram para enfrentar a situação da cidade.
Duração: 1h30′