Arquitetura
Símbolo do art nouveau em Curitiba, Belvedere recebe R$ 1 mi para revitalização
O prédio de 1915 deve ganhar um café do Senac e uma parte da estrutura administrativa da Academia Paranaense de Letras (APL). Foto: Jonathan Campos/Arquivo Gazeta do Povo | Carolina Werneck Bortolanza
O Palácio Belvedere vai receber R$ 1.073 milhão para que seja feita sua restauração. O prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PMN), assinou o decreto de transferência dos recursos na última sexta-feira (30).
De acordo com Ana Márcia Gonzalez, presidente da comissão de avaliação do patrimônio cultural, a verba virá da “venda de cotas do potencial construtivo da edificação com vistas à obtenção de verba para o restauro”. Esse tipo de operação é possível porque o prédio foi cadastrado como Unidade de Interesse Especial de Preservação (Uiep) em 2016. Trata-se de uma obra pública, obrigada a cumprir uma série de etapas. Por esse motivo, o restauro do edifício ainda não tem previsão de entrega. De acordo com a prefeitura, o dinheiro que será aplicado no Belvedere vem de “um saldo remanescente do que foi aplicado na recuperação da subsede do Ministério Público do Paraná (MP-PR)“.
Em janeiro de 2015, o Belvedere foi cedido à Academia Paranaense de Letras (APL). Desde então, a entidade vinha tentando viabilizar a revitalização do local, sem sucesso. O presidente da APL, Ernani Buchmann, explica que as tentativas vinham sendo feitas por meio da Lei Rouanet, do Ministério da Cultura (Minc). Com a aprovação do projeto travada no Minc, a prefeitura acabou assumindo a responsabilidade pelo repasse para a obra. A transferência dos recursos seria oficializada no último dia 22, mas a homologação acabou sendo remarcada para quinta-feira (29). As informações são do Instituto de Pesquisa e Planejamento de Curitiba (Ippuc).
Longas negociações
A restauração do imóvel foi assunto de diversas reuniões entre os governos estadual e municipal e representantes da APL e do sistema Fecomércio desde 2015. O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac), braço da Fecomércio, demonstrou interesse em montar um café-escola no primeiro piso do edifício. “O Senac ia fazer a reforma para usar o primeiro piso [em 2015]. Acontece que o prédio tem muitas goteiras e o Senac precisaria refazer as telhas, o que inicialmente não estava previsto. Então chegou-se à conclusão de que seria necessário fazer o restauro completo“, conta Buchmann. Ana Márcia afirma que “a Fecomércio forneceu o projeto de restauro da edificação, por vários meses arcou com os custos de segurança privada do imóvel e será responsável pela instalação do café que funcionará no local”.
Buchmann afirma que, com a liberação dos recursos pela prefeitura, o plano inicial deve ser seguido e o Senac vai ocupar a área térrea do Belvedere. A APL, por sua vez, fica com todo o segundo pavimento. “O prédio vai ser chamado de Observatório da Cultura Paranaense. Na verdade, esse é um projeto da APL chamado ‘Academia vai à escola’ e que vai funcionar ali”, reforça. Esse projeto foi criado pela entidade para ajudar na aplicação da lei estadual 13381/2001, que previa a obrigatoriedade da disciplina História do Paraná nas escolas estaduais e municipais do Estado. “Nossos acadêmicos espalhados pelo Estado se dispuseram a dar aulas e palestras sobre a história de cada região. Ali no segundo pavimento queremos que funcione uma parte desse projeto”, explica o presidente da APL.
Para Rosina Parchen, ex-coordenadora do Patrimônio Cultural da Secretaria Estadual de Cultura, “o reconhecimento do valor cultural do Belvedere se deve à qualidade dos elementos em estilo Art Nouveau que compõem o desenho de portas e janelas, a composição das varandas, os elementos que adornam o telhado e emolduram os vãos de janelas e portas”. Ela defende que, restaurado, o edifício poderá voltar a ser usado, o que evitaria sua degradação.
*Especial para a Gazeta do Povo.