Arquitetura
Arquitetos brasileiros criam casa sustentável que fica pronta em duas semanas

O escritório Estúdio Flume teve como inspiração comunidades no Maranhão que sofrem com períodos de seca e com o calor. A ideia é que as casas estimulem os reservatórios de água da chuva e sejam de montagem rápida, pela própria comunidade. Imagem: Estúdio Flume / Divulgação
Um protótipo de construção de baixo custo para pequenos produtores do Estúdio Flume foi o vencedor da edição 2016 do prêmio Call for Solutions, promovido pela Fondazione Giacomo Brodolini, da Itália.
Participaram projetos de todo o mundo e critérios como o potencial para a criação de impacto positivo, o envolvimento entre comunidade local e ecossistema e a potencialidade de replicação foram levados em consideração. O projeto entrará agora em um período de incubação de 3 meses para ser desenvolvido.

O projeto brasileiro foi escolhido por oferecer um primeiro passo para desenvolver indivíduos e comunidades autossustentáveis e auxiliar na erradicação da pobreza em sua origem.
A equipe do Estúdio Flume observou as diversas funcionalidades do Babaçu, planta comum em regiões de forte êxodo rural, como no Maranhão, que oferece a madeira que reveste e protege a construção e serve como base para atividades econômicas como a extração de óleo e a fabricação de sabão. A ideia é que, quando levado para outras regiões do país, a madeira a ser usada seja a mais abundante no local e possível de ser trabalhada de forma sustentável.
Para Noelia Monteiro, uma das arquitetas do Estúdio Flime, a grande deficiência das habitações sociais é apenas oferecer uma moradia, mas não a garantia para que as famílias mantenham suas casas. Veio daí a ideia de investir na criação de uma comunidade que favoreça a geração de renda. Assinam o projeto junto dela os arquitetos Christian Teshirogi e Julia Marini.
Detalhes do projeto

São 3 os pilares do protótipo: o uso de matérias-primas locais, de fácil acesso e baixo custo; agilidade na construção, que leva duas semanas e é modular, permitindo o crescimento das unidades e sua fácil replicação e o armazenamento de água das chuvas durante a estação úmida.
São previstos 46 metros quadrados de uma estrutura que fica acima do nível do chão para favorecer a ventilação. A cobertura do abrigo é dupla, criando colchões de ar para deixar o espaço mais fresco.
Replicar as casas poderá ser uma função para a própria comunidade, uma vez que a intenção do projeto é capacitar os moradores para que aprendam a montagem.
Para a captação da água da chuva, há vigas em “V” que direcionam o líquido para um reservatório. A ideia é que os produtores tirem proveito da situação de chuvas irregulares ao longo do ano e possam seguir com a plantação no período de seca.