Reconhecimento

Instituto Jaime Lerner

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Homenagens urbanas

24/05/2024 18:30
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Jardim Botânico “Francisca Maria Garfunkel Rischbieter”, inaugurado em 1991, uma das obras emblemáticas da terceira gestão de Jaime Lerner como prefeito | Arthur Cordeiro

Nestes últimos anos, perdemos pessoas que foram importantíssimas no processo de transformação urbana que aconteceu em Curitiba, principalmente nas décadas de 1970, 1980 e 1990.
Pessoas do quilate da Lúcia Camargo, Sérgio Mercer, Nicolau Kluppel, Carlos Eduardo Ceneviva, Manuel Coelho, José Maria Gandolfi, Lubomir Fiscinski, Frik Kerin, Rafael Dely, Franchette Rischbieter e Nireu Teixeira, que se envolveram diretamente no processo através de suas expertises.
A Lúcia foi gigante na transformação cultural da cidade, que passou de província a rota de shows, teatro e discussões importantes.
O Mercer e o Coelho mudaram a identidade da cidade e a maneira como o curitibano começou a perceber sua relação com ela, fazendo de todo cidadão um ator nesse processo.
Não teríamos os parques de Curitiba se não fosse a genialidade do Nicolau, que entendia tudo e mais um pouco sobre bacias hidrográficas e drenagem urbana. Seu trabalho, junto com o Gandolfi e o Hitoshi Nakamura (que, graças a Deus, ainda está ativo) fizeram brotar essa capital ecológica. Além de resolver questões de drenagem cruciais, nos deram as ruas cheias de árvores e os parques mais lindos, onde o lazer é possível a toda população, democraticamente.
O Lubo, como todo mundo o chamava, passou duas vezes pela presidência do Ippuc numa época de implantação de projetos que hoje são nossos cartões-postais.
O trio Rafael Dely, Ceneviva e Frik ajudou a transformar o modelo de mobilidade curitibana em referência para o mundo. São mais de 150 cidades que usam o BRT, o sistema de ônibus que surgiu em Curitiba já na década de 1970.
De todos eles, apenas a Franchette e o Nireu foram homenageados. Ela, pelo meu pai, dando nome ao Jardim Botânico, e o Nireu, com uma estátua no coração musical da feirinha do Largo da Ordem. É pouco!
Eu tive o privilégio de conviver com todos eles durante toda a minha vida. Foram parceiros do meu pai por mais de 50 anos. São amigos que trabalharam juntos, que criaram juntos, que transformaram ideias em programas e projetos fundamentais para o desenvolvimento de Curitiba. Tenho momentos lindos deles em minha memória.
Curitiba também deveria ter. A cidade deveria homenagear as pessoas que a transformaram. Os curitibanos deviam aprender a história delas e as importantes contribuições que trouxeram para a cidade. Em todas as áreas.
E eles são tantos! Os que cito aqui são os mais próximos e queridos, porém tem um exército de pessoas que deram sua alma para essa cidade. Muitas delas ainda estão vivas e merecem o reconhecimento ainda em vida.
Não é só sobre dar o nome de uma rua ou praça, é sobre o resgate da nossa identidade. É sobre reconhecimento. Sobre educação. Sobre memória. Sobre nossa história. Sobre empatia. Sobre conhecimento.
Homenagens urbanas são carinho em forma de espaços. Não podemos deixar de mostrar todo nosso amor e, sobretudo, nossa gratidão por essas pessoas que nos trouxeram até aqui.
*Ilana Lerner é diretora do Instituto Jaime Lerner.