Mães e filhos contam como é dividir a mesma profissão

Daliane Nogueira
06/05/2016 21:30
Thumbnail

Filipe e Karla Bender; Denise e Carolina Leal Ribas e Tiago e Márcia Campetti: três escritórios onde a relação de mãe e filho vai se estende à profissão. Fotos: Divulgação.

Filhos que seguem a mesma profissão da mãe não é incomum. Afinal, o exemplo que se faz presente desde a infância acaba influenciando as escolhas. Não é diferente na arquitetura e na decoração.
Mais do que afinidade, exemplo e referência, ao escolher a mesma profissão da mãe a relação muda e, quando ambos dividem experiências, essa mudança pode aumentar os laços de afeto.
A HAUS conversou com mães e filhos que trabalham juntos em três escritórios de arquitetura de Curitiba. Em comum eles garantem que quando há respeito entre as vontades e opiniões, o sucesso é garantido.
LEIA MAIS
Bender Arquitetura
O arquiteto Filipe Bender, 31 anos, resistiu, mas acabou percebendo que seu futuro seria mesmo na Arquitetura, profissão de sua mãe Karla Bender, 59 anos. Comecei uma faculdade na área de marketing, fui para o Desenho Industrial, mas a verdade é que me interessava pela Arquitetura desde muito jovem. Acredito que experimentar outras áreas fez parte de um processo de negação, que foi importante para eu ter certeza da carreira”, conta Filipe.
Karla revela que percebia, como mãe, que o filho tinha talento para a arquitetura, interessava-se por montar maquetes e fazer plantas, mas preferiu não influenciar diretamente na escolha. “A verdade é que meus filhos cresceram vendo eu me dedicar muitas horas ao trabalho, no fundo não queriam repetir esse padrão. Hoje vejo o Filipe trabalhando até aos domingos, exatamente como eu fazia.”
Para a satisfação completa da mãe, recentemente a filha mais nova Marília Bender, 27 anos, formada em Direito, enveredou para área de design de interiores. “Hoje no escritório um completa o outro, procuramos ter funções bem definidas, mas temos certeza de que o melhor projeto sempre nasce quando várias cabeças e ideias estão envolvidas”, afirma Karla.
Na opinião de Filipe a presença e experiência da mãe é essencial para o crescimento profissional. “Nos dias ruins, em que algo não saiu como eu planejei, tenho nela uma opinião mais madura e isso é reconfortante.”
Estúdio Campetti
Márcia, 46 anos, e Tiago Campetti, 28 anos, são mãe e filho, mas dentro do escritório de arquitetura que comandam, Tiago faz questão de fazer referência à mãe pelo nome. “Acho mais profissional, nos primeiros meses foi bem difícil, mas hoje estou mais acostumado”, diz.
A carreira profissional de Tiago, na opinião da mãe, estava latente desde a infância. “O imóvel onde funcionava a pré-escola dele era modernista e ele comentava os detalhes da construção e lembra até hoje da casa.”
No Ensino Médio, o jovem fez curso técnico de Desenho Industrial e acabou optando pela Arquitetura no curso universitário. “Procurei passar períodos longe do escritório, para ganhar outras experiências em áreas diferentes, como o cinema”, conta.
Desde o ano passado Tiago assumiu de vez o escritório ao lado da mãe. Para Márcia a mudança foi essencial para uma nova fase. “Fechou-se um ciclo de hábitos e atitudes e criamos uma nova forma de trabalhar e projetar. Com certeza ganhamos muito na apresentação visual e no atendimento. Eu sinto que rejuvenesci, uso novos aplicativos e softwares e até a música que escutamos no escritório mudou”, completa.
Leal Ribas Engenharia e Arquitetura
“Não sei dizer se em algum momento eu quis outra profissão que não a Arquitetura”, lembra Carolina Leal Ribas, 25 anos. Filha da arquiteta Denise Leal Ribas, 50 anos, a jovem conta que acompanhou a formação da mãe desde a faculdade. “Ela fez universidade quando eu e meu irmão éramos crianças e, como meu pai (Ribamar Ribas) já tinha a empresa de engenharia, nossa vida foi permeada por este mundo da construção”, diz.
A cumplicidade no dia a dia de trabalho foi ampliada com a recente formatura do filho mais novo, Rafael Leal Ribas, 23 anos, em Engenharia Civil. “Trabalhar em família nos fortalece em todos os sentidos da nossa relação. É um jogo de aceitação e onde todos precisam ceder para o bem de algo que estamos construindo e ampliando juntos. É muito gratificante”, aponta Denise.