DW! 2025: como o futuro do Design Brasileiro está sendo desenhado

Redação
10/06/2025 00:16
A DW! nasceu em 2012 em São Paulo, idealizada por Lauro Andrade, com o propósito de promover o design, a arquitetura e a decoração com formato urbano e democrático. Ao longo de 14 edições, o festival se consolidou como o maior evento de design da América Latina, reunindo números expressivos: só na edição de 2025, foram 415 eventos, 132 expositores, mais de 770 mil visualizações no distrito digital. A capital expandiu o festival para novos distritos — Santa Cecília, Barra Funda e Higienópolis — e reforçou seu papel de hub cultural com temas como “Mãos e Máquinas”, que conectam tecnologia e criatividade.
O que começou como um movimento para agitar as ruas de São Paulo, hoje se espalha pelo mapa. Com o bem-sucedido formato "DW! Tour", o festival fincou bandeiras em Balneário Camboriú, Rio de Janeiro e, neste ano, estreia na capital federal, Brasília.
Às vésperas da segunda edição da DW! no Rio de Janeiro, que começa amanhã, 10 de junho, no CasaShopping, conversamos com Lauro Andrade. Nesta entrevista, ele fala sobre as decisões estratégicas que levaram a DW! ao pódio, a importância da expansão nacional, o futuro do design brasileiro e o que realmente faz um criador se tornar memorável. Suas respostas oferecem um olhar aprofundado sobre a mente por trás de um evento que é, em sua essência, um catalisador de conexões.

Entrevista: Lauro Andrade

Lauro Andrade, fundador da DW! Semana de Design. Imagem: Divulgação
Lauro Andrade, fundador da DW! Semana de Design. Imagem: Divulgação

Julia Leopoldina: A DW! se consolidou como o maior festival de design da América Latina. Quais decisões estratégicas você acredita que foram fundamentais para estabelecer este pódio?

Lauro Andrade: O diferencial da DW! é o contato próximo com todas as ‘pontas’ do mercado de arquitetura, decoração e design, mas com olhar muito especial para a criação e toda sua diversidade. O Brasil é a maior potência do mundo neste aspecto, o que nos dá um background incrível. Também valorizamos demais o fator de interseção com o próprio movimento da cidade, no caso de São Paulo, onde o evento se dedica à proposição de mudanças na sociedade, de forma individual e coletiva, a partir das visões apresentadas nos diversos espaços ocupados durante o festival. O sucesso do festival também passa pela colaboração fundamental de curadores e especialistas, que lançam um olhar certeiro para que a DW! seja, de fato, um ponto de convergência entre criadores, lojistas e publico final.

JL: A Semana de Design de São Paulo deixou de ser apenas um evento paulista e passou a circular por cidades como Rio de Janeiro, Balneário Camboriú e agora Brasília. O que motivou essa expansão?

LA: Acho que a expansão parte, também, do pressuposto da diversidade cultural. Nesses eventos, que agora ocupam cidades de importante produção criativa, entendemos a DW! como um ponto de ligação entre a cena local e o circuito nacional do design, oferecendo espaço para experimentação e networking, com o festival se tornando uma plataforma para a construção de marcas e estratégias. Vale mencionar que, além dos lançamentos de produtos e intervenções artísticas – características da DW! –, promovemos os DW! Talks, que levam importantes reflexões sobre criação e mercado com importantes discussões sobre tendências e inovações. A DW! Rio, que começa em 10 de junho, será um marco para o festival. Levaremos criadores muito potentes, atividades de muito impacto e talks de grande qualidade. Vale mencionar alguns nomes, entre eles Zanini de Zanine, Dexcolados, Guto Requena, Thiago Bernardes, Miguel Pinto Guimarães, Nildo José, Guilherme Wentz, Mauricio Arruda, Nada se Leva, Studio Sette7 e Ricardo Van Steen.

JL: O que diferencia um criativo "bom" de um criativo que realmente se destaca e se torna memorável dentro da programação da DW!?

LA: Toda produção tem seu valor, mas hoje temos alguns ‘gatilhos’ importantes para a identificação de algo ‘memorável’. Pensando dessa forma, os pontos que mais contam para que se obtenha esse reconhecimento são a originalidade e a capacidade de se comunicar por meio de sua criação.

JL: A DW! impacta não só designers e arquitetos, mas o público em geral. Como você percebe esse diálogo entre o design e o cidadão comum?

LA: O interessante em se fazer um festival urbano, como ocorre com a DW! em São Paulo, é justamente o diálogo entre o design – que está presente em vários níveis de vivência – e o movimento da cidade. Vemos o design e a criação como catalisadores de uma série de processos, das informações culturais que cada um recebe, ou seja, como uma arte que está totalmente ligada à vida cotidiana. O que buscamos com o festival é integrar um público ainda mais abrangente, destacando o design autoral brasileiro para o consumidor final. Acho importante, por se tratar de uma produção tão valiosa, que os designers sejam tão reconhecidos quanto outros ícones da cultura popular.

JL: Em um setor tão plural, como você enxerga o papel da DW! na construção de uma identidade do design brasileiro?

LA: O design brasileiro possui diversas identidades e isso se dá por meio da diversidade, assim como da biodiversidade presente em nosso país. Nosso papel é gerar acesso democrático à essa produção tão rica, o que temos feito ao conectar todas as pontas do mercado, com uma curadoria potente quanto à identificação de novos talentos e trabalhos.

6. Como você imagina a DW! Semana de Design em 2030? Há planos para internacionalização?

LA: Nesse momento vejo a DW! alcançando novas praças nacionais, o que já é um desafio e tanto! Para cada “DW! Tour” o festival se reinventa e segue o ‘mood’ de cada região onde é realizado. Então, sempre há muito trabalho nesse processo. Para 2030, quem sabe, é possível pensar em outras praças na América Latina, o que poderá acontecer por meio de parcerias que já começaram a ser articuladas. A ver o que o futuro nos reserva.

7. Se você pudesse dar um conselho a jovens designers e arquitetos, qual seria?

LA: Acredito que o conselho é a busca pelo trabalho autoral, pela busca de sua própria identidade, seja qual for a linguagem escolhida para seus trabalhos. Há espaço para tudo e todos! Paralelamente, é sempre importante acompanhar as novidades, as possibilidades que surgem a partir das novas tecnologias e dos métodos difundidos por grandes nomes do setor.

8. O que você mais gostaria que as pessoas sentissem ao vivenciar a DW!?

LA: O que procuramos com a DW! é criar conexões e acessos. Quero que as pessoas possam se sentir representadas, mas que também lidem e aprendam com o diferente, que é algo grandioso para o crescimento individual e coletivo. Espero que, em breve, possamos todos enxergar os criadores, os designers, como ícones da cultura popular, com nomes que se destacam num espectro mais amplo, bem como acontece com DJ’s, chefs de cozinha, diretores de cinema, entre outros.

Para quem deseja viver essa experiência de perto, as próximas edições da DW! Tour já estão com data marcada:
  • DW! Tour Rio de Janeiro – 10 a 15 de junho, no CasaShopping. Confira a programação completa aqui.
  • DW! Tour Balneário Camboriú – 19 a 22 de agosto
  • DW! Tour Brasília – 9 a 13 de setembro
Mais do que um festival, a DW! se firma como uma plataforma viva, em constante movimento — com os pés nas ruas e o olhar no futuro.