Jardim Social se une para reformar casarão tradicional do Armazém Zequinão

A fachada do armazém foi completamente restaurada pelos moradores. A foto mostra a fase final da reforma. Foto: Reprodução/Franco Rovedo
Instalado na Rua Fagundes Varela há 70 anos, o Armazém Zequinão — também conhecido como Mercearia Zequinão — é um dos pontos históricos do bairro Jardim Social. Seu dono, Gabriel Alceu Zequinão, de 82 anos, atende os fregueses desde 1958. Apesar da importância do local para a região, o armazém estava vandalizado havia dois anos, e só neste ano a loja sofreu dois assaltos.
Como forma de reverter a situação e prevenir futuros prejuízos, moradores do bairro decidiram se juntar em um exercício de cidadania, revitalizando toda a parte externa da mercearia. A reforma incluiu lavagem e nova pintura na fachada, conserto de portas e janelas, capinação das pedras em frente à construção e limpeza do poste e do orelhão. Além disso, a segurança do armazém foi reforçada.

A iniciativa partiu da página do Facebook Amigos do Bairro Jardim Social, criada pelo morador Mauro Ferreira Corrêa da Silva para preservar a memória do bairro através de seus moradores. A ideia inicial era arrecadar dinheiro para a revitalização, o que acabou gerando um baixo engajamento da comunidade. A reforma ganhou força quando o morador Pedro Ernesto Zanon conseguiu uma doação de parte do material necessário para a obra da loja Balaroti.
Os trabalhos foram iniciados em 14 de dezembro e se seguiram diariamente até o dia 23, quando foi feito um coquetel de reinauguração do Armazém Zequinão. O estudo de cores foi realizado pelo arquiteto Ricardo Amaral, também conhecido do grupo de amigos.

Um dos responsáveis pela execução da obra é o escritor e historiador Franco G. Rovedo, que mora há 54 anos na região. Ele conta com animação que essa foi uma experiência que começou com um grupo pequeno mas que, conforme as pessoas tomavam conhecimento da iniciativa, mais elas passavam a ajudar: o lava-jato vizinho emprestou uma lavadora de pressão, a loja Tintas Verginia cedeu latas de tinta, o Pão de Açúcar e a panificadora Família Farinha cederam produtos para o coquetel de reinauguração. “O mais difícil foi começar”, conta. “Eu sinto que esse é um movimento pequeno, mas que serve como exemplo de como é fácil a gente trabalhar a cidadania. É um novo jeito de ver a cidade”.

Além de Rovedo, três outras pessoas ajudaram durante os dez dias de trabalho: o administrador da página, Mauro Corrêa; seu irmão, Marcos Silva; e um pintor fornecido pela irmã de Rovedo, Antonella. “Fomos nós que pegamos no pincel e no rolo e que fizemos calo na mão”, relata.

O Armazém Zequinão
A mercearia do Jardim Social sempre foi referência do comércio na região. Servindo seus clientes desde a década de 1950, Seu Alceu, como é chamado pelos amigos, adaptou o local com o passar do tempo. Com o advento dos supermercados, a concorrência passou a ser mais disputada, fazendo Seu Alceu diminuir a variedade de produtos que vende. Atualmente, se encontram em suas prateleiras alguns produtos tradicionais do comércio de secos e molhados. “Eu fui ficando parado do tempo. No tempo tinha os fregueses que compravam com caderneta. Isso não tem mais”, relata.
Seu Alceu mora na casa de madeira que fica aos fundos da mercearia. Ele acompanhou todos os dias de obra, e se emociona ao contar o resultado desse mutirão da comunidade. “Fiquei feliz porque eles fizeram uma colaboração pra mim. Eu nem esperava, eles me ajudaram muito. Eu tenho só que agradecer”.




