Urbanismo

Por falta de adesão popular, Paris desiste de oferecer transporte público gratuito

com Folhapress
14/01/2019 19:06
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Metrô de Paris sobre a Ponte de Bir-Hakeim. Foto: divulgação

A Prefeitura de Paris, na França, anunciou que desistiu da ideia de oferecer transporte público gratuito na cidade. A decisão vem pela conclusão de que a gratuidade reduziria em apenas 5% o tráfego de veículos, segundo estudos feitos pelo município. A gratuidade valeria para os sistemas de ônibus, trens e metrô da cidade e para todos os usuários.
No início de 2018, a prefeita Anne Hidalgo havia anunciado planos de oferecer transporte gratuito na cidade. As pesquisas realizadas concluíram que a grande maioria dos motoristas não deixaria seus carros em casa mesmo que houvesse transporte gratuito, por preferir mais conforto e rapidez.
Foto: divulgação
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Apesar de desistir do passe livre geral, a prefeitura anunciou medidas na última quinta (10). Entre elas, a de que dará tarifa grátis a todas as crianças com até 11 anos a partir de 1º de setembro — estimulando pais a usar mais o transporte público em família. Estudantes com mais de 12 anos também passarão a ter direito a meia tarifa. Já o sistema de empréstimo de bicicletas públicas, chamado Velib, será gratuito para menores de 18 anos.
Hidalgo também disse que pretende oferecer tarifa grátis nos transportes para pessoas com renda familiar menor do que um salário mínimo e meio (€ 2,247, equivalente a R$ 9,560). No entanto, essa medida depende do apoio de outros partidos. A expectativa é que a medida custe € 15 milhões (cerca de R$ 63 milhões) aos cofres públicos por ano. Parte desse custo será bancado pelo aumento de painéis publicitários.

Onde a gratuidade já acontece

Experiências com passe livre estão sendo implantadas em cidades de pequeno e médio porte pelo mundo. Um estudo da Universidade de Bruxelas, divulgado pelo jornal The Guardian, apontou que, em 2017, ao menos 99 sistemas de transporte não cobravam passagem. A maior parte deles, 57, ficavam na Europa, e 11 na América do Sul.
Foto: Wikimedia Commons
Foto: Wikimedia Commons
A cidade de Dunquerque, na França, aboliu a cobrança em setembro de 2018. Ali vivem 200 mil pessoas. Em dezembro, Luxemburgo foi o primeiro país do mundo a anunciar tarifa zero em todos os transportes do país a partir de 2019. O ducado tem cerca de 600 mil habitantes. Porém, a ideia ainda parece um pouco distante das metrópoles, cuja demanda por transporte costuma estar muito perto (ou além) da saturação.

Paris contra a poluição

Foto: reprodução/Twitter
Foto: reprodução/Twitter
Essa não é a primeira vez que Hidalgo se lança em prol dos modos alternativos de transporte. Em outubro de 2016, a prefeita tornou exclusiva para pedestres e ciclistas as chamadas “Berges de Seine” — trecho de 3,3 km na margem direita do rio Sena.
A via foi bloqueada para carros em outubro de 2016, visando diminuir a emissão de gás carbônico pelos carros ao reduzir o trânsito na região, além de aumentar a rota turística e promover um espaço público livre para parisienses e turistas.
A medida emblemática foi tomada pelo governo da atual prefeita, Anne Hidalgo, e foi extremamente contestada. O trecho da Rua Georges-Pompidou fica no coração da capital francesa, na região chamada de “Rives de la Seine” — patrimônio mundial da Unesco desde 1991.

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