Fechada há 28 anos, ponte pênsil de Florianópolis tem data de reinauguração
Foto: Cristiano Andujar/Comunicação PMF | Cristiano Andujar
Fechada há 28 anos, a ponte pênsil Hercílio Luz, cartão-postal da cidade de Florianópolis, em Santa Catarina, será reaberta para circulação de ônibus, ciclistas e pedestres no dia 30 de dezembro de 2019. A reinauguração, depois de anos de reforma, foi prometida pelo governo do estado de Santa Catarina em abril. Com ela, também deverá ser entregue a primeira etapa do projeto “Ponte Viva: Hercílio Luz Para as Pessoas”, que prevê a requalificação urbanística dos arredores do local.
O projeto, desenvolvido em parceria com a Prefeitura de Florianópolis, pretende melhorar a mobilidade e preservar o patrimônio histórico do município, além de desenhar ações que incentivem o turismo e o uso do entorno imediato da ponte. “É mais do que um projeto de sistema viário: é um programa de mobilidade que engloba vários eixos, como patrimônio, turismo, cultura, esporte e lazer”, explica o secretário municipal de mobilidade e planejamento urbano, Michel Mittmann.
A primeira fase foca na melhoria do sistema viário de acesso à ponte. Conforme Mittman, o plano prevê obras em três eixos, dois na ilha e um no continente. No trecho insular, haverá requalificação da Avenida Jornalista Rubens de Arruda Ramos (a Beira Mar-Norte) e de ruas de seu entorno. Isso implica o redesenho do acesso à avenida para veículos, a implantação de melhorias em passeios e ciclofaixas, a reorganização de vagas de estacionamento, entre outras ações.
Também estão previstas obras que facilitem o deslocamento entre a ponte e o Terminal Central (Ticen), como a requalificação de vias tanto para veículos quanto para pedestres, além de estudos para implantação de novas paradas de ônibus, faixas exclusivas para o transporte coletivo e ciclofaixas. Do lado do continente, será construída uma intersecção entre as vias que têm acesso à ponte, o que tem por objetivo organizar o fluxo de veículos neste acesso.
As duas cabeceiras da ponte também passarão a contar com boulevares com pista elevada, os quais devem abrigar pontos de embarque e desembarque de passageiros do transporte coletivo e de ônibus de turismo, estações de bicicletas compartilhadas e serviços de recepção e apoio turístico.
Foco no transporte coletivo
O projeto de reabertura da ponte não prevê a circulação de carros individuais pelo local. “Nossos estudos indicaram que se liberarmos o trânsito comum [de veículos individuais], vamos ter mais um ponto de engarrafamento que vai se tornar insustentável em breve”, explica o secretário de mobilidade e planejamento urbano.
Dessa forma, apenas veículos da frota de transporte coletivo passarão por ali, assim como pedestres e ciclistas. A expectativa é promover a integração de diferentes modais ao sistema viário da cidade e dar eficiência à mobilidade. Há ainda o plano de fechar o acesso a veículos automotores à ponte nos fins de semana, transformando-a, principalmente, num espaço de lazer.
Outras etapas
Após a finalização das obras do sistema viário, a prefeitura deve desenvolver, junto com as secretarias responsáveis, os projetos para preservar o patrimônio histórico situado no entorno da ponte, promover o turismo e fazer o uso dos espaços disponíveis nas cabeceiras (hoje usados como canteiros de obras) para impulsionar ações de lazer, cultura e esporte.
No âmbito do patrimônio, deve ser feita a revitalização da Fábrica de Pontas e do Antigo Incinerador da Cidade, entre outras construções históricas. Outro tema bastante relevante é o turismo. Por isso, projetos de complementação de embarque e desembarque turístico próximo à ponte e transporte até outros pontos da cidade devem ser desenvolvidos.
A ponte
Completando 93 anos em 2019, a ponte Hercílio Luz foi construída entre 1922 e 1926, e foi a primeira ligação entre a ilha e o continente no município de Florianópolis. Até então, a circulação de pessoas e produtos entre as duas partes acontecia por meio de balsas.
A ponte funcionou normalmente até 1982, quando a deterioração de sua estrutura, principalmente das barras de olhal (que a sustentam), levou-a à interdição. Em 1988, ela foi reaberta para o tráfego de pedestre, bicicletas, motos e veículos de tração animal, mas precisou ser fechada novamente em 1991.
Tombada como patrimônio histórico do município, do estado e do país, a ponte vem passando por reformas desde 2006, um processo que tem sido difícil e oneroso. “É um projeto de engenharia bastante complexo, no qual elementos estruturais foram recriados em ligas mais eficientes e as fundações das cabeceiras foram refeitas”, diz Mittmann.