Quem nunca, andando com pressa pela Rua XV, no Centro de Curitiba, passou por uma das galerias que levam de uma rua a outra? Elas permitem cortar caminho e fazer o trajeto com mais conforto em dias de muita chuva ou de muito sol.

Mas oferecem muito mais. São uma forma de humanizar o concreto. Como afirma Breno Burrego, do escritório Lona Arquitetos, “os edifícios são grandes blocos, você não consegue transpor. Com a galeria, você enche de pessoas. Fica um local mais seguro”.  Costuram os espaços oferecendo produtos e serviços.

Também permitem perceber a cidade de formas diferentes, como afirma o arquiteto Guilherme de Macedo, também do Lona Arquitetos. “Ao passar de uma área a outra pela rua, você vê o comércio e a atmosfera mudando vagarosamente. Ao atravessar por uma galeria, essa mudança é mais brusca. É outra forma de ver o entorno”, explica.

Surgidas por volta dos anos de 1950 em Curitiba, as primeiras galerias do Centro são um resquício do Plano Agache, o primeiro plano diretor da cidade, que tinha como base os planos diretores do Rio de Janeiro e Porto Alegre e de diversas cidades europeias. Pode-se dizer que as galerias deram origem ao que hoje é o shopping. “Antes, as lojas de grife de Curitiba estavam nessas galerias e na própria Rua XV. Agora é o comércio popular que fica ali”, diz Macedo.

Siga nosso roteiro e conheça um pouco mais sobre algumas das galerias localizadas no Centro!

Entre as características mais marcantes da galeria que liga a Praça General Osório e a Alameda Dr. Carlos de Carvalho, de acordo com Macedo, está a praça de alimentação, que faz parte do projeto de revitalização pela qual o espaço passou nos anos 2000. “Além de um lugar de passagem, essa galeria também é um local de convívio, de permanência”, afirma.

O imóvel em que está localizada a galeria é um dos pontos comerciais mais antigos de Curitiba, construído ainda no século 19. O empresário Antenor Demeterco – da família fundadora da rede de supermercados Mercadorama – adquiriu o imóvel há mais de 40 anos.

A galeria fica aberta de segunda a sexta, das 8 às 20 horas, e sábado das 8 às 19 horas. Os endereços são Praça General Osório, 333 e Alameda Dr. Carlos de Carvalho, 263, Centro.

Há quase 60 anos o número 68 da Avenida Luiz Xavier é ocupado pelo Edifício e Galeria Tijucas. Testemunha de muita história da cidade, o corredor comercial é um dos poucos que mantém bastante da arquitetura tradicional do local, apesar dos anos e das modificações feitas pelos comércios.

Afirmar que é uma galeria modernista não é possível, como explica Macedo, até porque cada loja tem uma característica arquitetônica. Mas é possível perceber alguns elementos com inspiração do movimento, como os panos de vidro usados nos portais, que seguem o estilo do edifício como um todo. Os portais, inclusive, foram adicionados bem depois da inauguração da galeria, na década de 1990, para evitar que veículos passassem por ali.

A Galeria Tijucas fica aberta de segunda a sexta, das 8 às 20 horas, e sábado das 8 às 14 horas. Os endereços são Av. Luiz Xavier, 68, e Rua Cândido Lopes, 289, Centro.

Conectando duas importantes ruas do Centro de Curitiba, a Marechal Deodoro e a XV de Novembro, a Galeria Ritz foge um pouco ao tradicional formato, como explica Macedo. Em lugar do corredor de um nível só, ela tem dois pavimentos, com escadas no meio de saguão que também dão acesso ao edifício Wenceslau Glaser.

Com cerca de 45 anos, a galeria foi vizinha por muito tempo do Cine Ritz, fechado em 2005. Mas poucos sabem que antes deste cinema, outro Cine Ritz funcionou na Rua XV de Novembro, no local onde hoje está a galeria. O cinema foi inaugurado no final dos anos 1940 e funcionou por quase duas décadas.

A Galeria Ritz funciona de segunda a sexta, das 7 às 19 horas com as duas entradas abertas. Depois disso, apenas a porta da Marechal fica aberta, até as 22 horas. Aos sábados, o horário vai das 7 às 13 horas com duas entradas e até as 19 horas com apenas a Marechal. Os endereços são Rua Marechal Deodoro, 51 e Rua XV de Novembro, 172, Centro.

A Galeria Suissa, uma das mais tradicionais da cidade, começou como uma loja em 1920, com a abertura da Casa Suissa de Eletricidade, do imigrante suíço Alberto Bolliger, que chegou ao Paraná com o objetivo de se dedicar à instalação da energia elétrica no estado.

Ficou famosa por comercializar uma diversidade de produtos, que iam de instrumentos musicais a brinquedos e linha branca, além dos itens de iluminação e eletricidade. A loja cresceu tanto que o proprietário foi adquirindo os imóveis vizinhos até chegar à outra frente, na Rua José Loureiro.

De acordo com o arquiteto Guilherme Macedo, a galeria “conecta duas ruas tradicionais do centro, e atende praticamente o mesmo segmento de comércio que existe na José Loureiro.”

Em 12 de outubro de 1962, o comerciante concretizou seu sonho e inaugurou a galeria que, cortando a loja, deixava suas vitrines expostas dos dois lados do corredor. O nome que “pegou” foi o de Galeria Suissa.

A Galeria funciona de segunda à sexta-feira, das 8 às 19 horas, e sábado, das 8h30 às 14h. Sua entrada é pela Marechal Deodoro, 262, e pela José Loureiro, 347.