Urbanismo

Manhattan amplia costa para evitar enchentes causadas pelo aumento do nível do mar

Luciane Belin*
04/04/2019 13:18
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Foto: Michael Pewny/ Pixabay

Nova York vai investir mais de 10 bilhões de dólares no desenvolvimento de projetos destinados a encontrar soluções preventivas contra possíveis inundações na parte baixa de Manhattan. A ilha já começou a sofrer com o aumento do nível do mar, ocasionado pelo aquecimento global, e a prefeitura da cidade quer se certificar que isso não gere problemas especialmente para a Lower Manhattan, a porção mais sujeita aos efeitos da água.
Recentemente, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, anunciou o investimento do valor, que corresponde a aproximadamente 38,6 bilhões de reais, para a construção de barreiras para proteger a ilha em eventuais situações como a do Furacão Sandy, que em 2013 danificou 17 mil casas e ocasionou a morte de 44 pessoas.
A cidade, segundo disse o prefeito em um artigo para a New York Magazine, já passou do ponto de questionar os efeitos do aquecimento global e já entendeu que não se trata de debater se este existe ou não, e sim de proteger a ilha.
A preocupação não é à toa: a região de Lower Manhattan é extremamente importante para a cidade. Além de abrigar 90 mil moradores, ser fonte de meio milhão de empregos e cruzamento das principais linhas de metrô de Manhattan, é lá também que se encontra o chamado Distrito Financeiro, com prédios como o da Bolsa de Valores de Nova York e o Wall Street, onde acontecem algumas das mais importantes discussões e negociações comerciais do planeta.

Projeto desafiador

Como blindar uma região que é uma ilha localizada a cerca de dois metros acima do nível do mar? Essa pergunta é o que vem norteando as equipes de pesquisa e engenharia que a cidade está reunindo para propor soluções. Segundo de Blasio, o que precisa ser feito em Nova York consiste em “um dos dos mais complexos desafios ambientais e de engenharia que a cidade jamais enfrentou e que vai, literalmente, alterar a forma da ilha de Manhattan“.
Foto: Pixabay
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O motivo pelo qual ele diz isso é que a forma como a cidade encontrou de proteger a ilha foi ampliar a costa, aumentando a área territorial em torno dela e reduzindo a porção tomada pela água entre a ilha e a parte continental do município.
“O South Street Seaport e o Financial District, ao longo da parte leste de Lower Manhattan, ficam tão perto do nível do mar – apenas dois metros e meio acima da linha d’água – e estão tão cheios de serviços públicos, esgotos e linhas de metrô que não podemos construir proteção contra inundações na terra. Então vamos ter que ‘construir’ mais terra”.
Foto: Reprodução/ New York Magazine
Foto: Reprodução/ New York Magazine
A ideia é “empurrar” a linha da costa da baixa Manhattan cerca de 150 metros para dentro da água, cerca de dois quarteirões, até a região do East River. Isso, segundo os estudos realizados pelas autoridades locais, deve proteger os bairros de inundações causadas tanto por tempestades quanto pela alta da maré.
O problema, no entanto, é que mesmo toda essa operação tem um prazo de validade. Se o nível do mar continuar subindo, essa proteção só será eficiente até o ano de 2100, quando a cidade precisará pensar em outras alternativas caso as águas continuem invadindo a cidade.
Plano climático de Nova York deve transformar a estrutura territorial da ilha e resolver o problema das inundações até o ano de 2100. Foto: Reprodução/ New York Magazine
Plano climático de Nova York deve transformar a estrutura territorial da ilha e resolver o problema das inundações até o ano de 2100. Foto: Reprodução/ New York Magazine
Segundo o prefeito, Nova York vai assumir esse projeto, mas o desafio de não afundar não é unicamente do município. Diversas outras cidades norte-americanas vêm enfrentando o mesmo problema com o aumento do nível do mar, como é o caso de Miami, por exemplo.
Para isso, ele diz que o país terá que fazer um esforço coletivo para blindar suas cidades contra a elevação da água.”Nós vamos construir, porque nós não temos escolha. Isso deveria ser tanto uma prioridade nacional quanto local – proteger o centro global de comércio, a Reserva Federal, a casa de um setor da nossa economia que toca cada cidade e região na América. (…) Mas, agora, cidades como Nova York estão encarando a maior ameaça à nossa sobrevivência sozinhas”, escreveu de Blagio, ressaltando que o projeto é tão infraestrutura quanto estradas, trilhos de trem e pontos, que é tão segurança nacional quanto ferramentas militares.
*Especial para Haus

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