Contratado pelo município de União da Vitória para reformular a cidade, o escritório Jaime Lerner Arquitetos Associados (JLAA) apresentou no último dia 17 de outubro a segunda etapa das diretrizes básicas de estruturação urbana que deverão nortear os rumos de sua expansão.

As propostas, apresentadas por uma equipe do escritório para lideranças e empresários locais, tratam de questões como os eixos de mobilidade urbana, transporte público, gestão e projetos estratégicos visando a União da Vitória dos próximos 30 anos, como descreveu em nota Santin Roveda, prefeito do município.

“Estamos propondo uma estruturação urbana e projetos estratégicos de forma a priorizar investimentos e, principalmente, buscar quais são as vocações da cidade. Pois, se ela não for boa para seus moradores, não será atraente para futuros investidores”, pontua o arquiteto Fernando Canalli, que compõem a equipe do escritório.

Baseada em dois eixos centrais, compostos pela estrada de ferro e o Rio Iguaçu, tidas como a “espinha dorsal da cidade” pelos arquitetos do escritório Jaime Lerner, o plano de estruturação urbana tem na ocupação da cidade uma de suas premissas.

Um exemplo disso está na proposta de implantação da chamada “Rua da União” sobre os trilhos na divisa entre a cidade paranaense e Porto União, em Santa Catarina. Com estrutura modular coberta, o objetivo é que ela se torne um local de lazer para pedestres e ciclistas, além de um espaço para o fomento do comércio local.

“Propusemos uma cobertura transparente para a rua para que os comerciantes, que estão de costas para aquele espaço, ocupado por paredes cegas, se virem para ela. Isto otimiza a musculatura do próprio comércio, que entra na equação da corresponsabilidade [em relação ao uso e manutenção da área]. É uma equação de ganha-ganha, pois os dois municípios ganham, os comerciantes ganham e a cidade ganha um espaço para a promoção de sua cultura”, destaca Canalli.

A proposta referente à implantação de uma rede de ciclovias é outro ponto que exemplifica tal preocupação em relação ao uso do espaço urbano. “Muitas pessoas da cidade usam a bicicleta como meio de transporte, mas a ciclovia existente é muito pequena e está desconectada das funções urbanas, dos desejos de deslocamento da população. Criamos uma rede para que as pessoas possam acessar a cidade toda com segurança”, destaca a arquiteta Gianna de Rossi, da Jaime Lerner Arquitetos Associados.

Outros pontos abordados no plano de estruturação referem-se à racionalização das linhas do transporte coletivo, a estruturação de área da cidade, incluindo a previsão de novas vias que respondam ao crescimento do município, e à contenção das cheias por meio da implantação de reservatórios de compensação de águas pluviais e parques ambientais.

“A cidade conta com extração de areia ao longo do rio e tem cavas imensas, com mais de 20 m de profundidade. [A ideia] é trabalhar com a mineração mudando o plano de manejo para desviar a água [das chuvas] para estes reservatórios naturais, minimizando o impacto dela na cidade. Essa imensidão de água, por sua vez, cria uma paisagem fantástica e única para a região”, detalha Gianna.

Assim como as questões estruturais, o reconhecimento e a promoção da identidade são igualmente importantes para o desenvolvimento de uma cidade. Pensando nisso, o projeto de estruturação urbana de União da Vitória proposto pela Jaime Lerner Arquitetos Associados apresenta, também, uma nova marca para a cidade, ou seja, um elemento gráfico que sintetiza seus valores e potencialidades.

Formado pela junção das letras “U” e “V” do nome do município, a padronagem permite sua replicação nos elementos urbanos, o que fará dela uma presença constante no cotidiano da cidade. “Isso é um ativo, um valor intangível ao qual pouca gente dá bola, mas que mexe com a autoestima de uma população”, lembra Canalli.

Com a apresentação da segunda etapa do projeto realizada, o escritório aguarda agora o retorno do município de União da Vitória sobre as propostas para que possa se dedicar ao aprofundamento e/ou complementação delas e à elaboração do projeto final.