Urbanismo
Conheça o projeto das novas estações-tubo de Curitiba
Ambientalista alerta que Curitiba deve inovar soluções encontradas no passado. Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo | Gazeta do Povo
As estações-tubo de Curitiba vão ganhar novos ares, com mudanças que vão proporcionar mais conforto a cobradores e passageiros, além de promoverem economia energética desses equipamentos urbanos. Pelo menos é o que propõe o projeto de revitalização de autoria do arquiteto Abrão Assad, que também é o criador das estruturas inauguradas em 1989 e que viraram ícone da capital paranaense a partir da década de 1990. Assad, inclusive, reconhece que já era hora de fazer reajustes nas estruturas. “Na época do lançamento, usamos a tecnologia que existia. Hoje, identificamos necessidades e problemas e temos muito mais possibilidades disponíveis”, afirma ele.
O projeto encontra-se agora em avaliação na Urbs, em fase de captação de recursos para a produção de um protótipo completo. De acordo com a entidade, os testes com o protótipo darão as informações necessárias para uma posterior busca por financiamento para aplicação. Ainda não há previsão de quando ele será construído, mas o local de instalação já está definido: a estação Vila São Pedro, na Rua Primeiro de Maio, no Xaxim. “Por ali passam muitas pessoas todos os dias e há bastante incidência de sol”, explica a arquiteta Olga Mara Prestes, gestora de projetos da URBS.
Os recursos para o desenvolvimento do projeto vieram do Banco Mundial, graças a uma iniciativa da organização para promover a sustentabilidade e a qualidade do ar. A Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP) recebeu o aporte de cerca de R$ 5 milhões e contratou, por meio de seleção com base em critérios do Banco Mundial, uma série de obras e projetos na cidade, entre eles o de revitalização das estações-tubo. Quem venceu a seleção para propor mudanças nas estruturas foi o arquiteto Abrão Assad. “A escolha de focar em projeto de melhoria para as estações-tubo foi da Prefeitura de Curitiba por meio do Ippuc e da URBS”, relata Marcos Bicalho, que coordenou o programa do Banco Mundial na ANTP.
Nova versão
Entre os pedidos do município, de acordo com Olga, estava a manutenção das estruturas das estações-tubo. “Havia muitos pedidos para sua substituição, mas o que seria feito com as mais de 360 existentes hoje na cidade? Por isso, queríamos um projeto que as preservasse”. Assad concorda e, inclusive, defende a manutenção por uma questão de identidade da cidade. “As estações-tubo foram feitas para Curitiba, levando em consideração sua paisagem. Elas já fazem parte dessa paisagem”, afirma.
Até mesmo o aumento do tamanho, pedido por usuários e funcionários, é rebatido por Assad, também pelo motivo de concordância com a paisagem. “Eles foram feitos de forma a não brigar com o entorno, de serem harmônicos. Não podem ser maiores. Além disso, são lugares de passagem dos usuários, o que também retira a necessidade de bancos. O que evita a superlotação não é o tamanho da estação, e sim a eficiência do transporte, a quantidade de ônibus”, defende.
Levando tudo isso em conta, Assad prevê poucas alterações na estética, com um alargamento dos anéis da estrutura e algumas mudanças na área de permanência dos cobradores. Para dar mais conforto a eles, criou uma cabine com um sistema próprio de iluminação e toda envolta em vidro, que irá protegê-los das intempéries e da incidência direta de raios solares.
Um banheiro também está nos planos, mas ele será instalado à parte, como um equipamento independente, para evitar que passageiros queiram usá-lo. Além de banheiro, a estrutura também vai acomodar produtos de limpeza e suas paredes externas servirão para apoiar mapas e informações sobre as linhas de ônibus.
A catraca convencional e a porta de entrada para cadeirantes serão substituídas por um único acesso, composto de uma porta abre e fecha de vidro. “Além de melhorar o visual, ela também vai permitir que a estação seja fechada quando não estiver em uso, aumentando a segurança”, aponta Assad.
Para melhorar o conforto térmico dentro das estações, uma manta térmica feita com garrafas pet recicladas seria instalada no forro. Para diminuir os custos com energia elétrica, uma película fotovoltaica flexível passaria a compor o teto e um espelho d’água seria instalado ao redor, como elemento paisagístico e de reaproveitamento de água durante a limpeza do local.
Com o objetivo de facilitar a manutenção, toda a estrutura metálica seria transferida para a parte externa. “Isso melhora o funcionamento das portas, porque não haveria obstáculos”, explica Assad. Além disso, evitaria infiltrações durante a limpeza, já que não haveria mais remendas. Baterias e toda a estrutura de funcionamento, que hoje ficam na parte de baixo externa, passariam a ficar dentro do tubo, acima da porta, evitando que ficassem vulneráveis a intempéries e a roubos.
Aplicação imediata
Algumas das propostas de Assad podem ser aplicadas imediatamente, conforme explica Olga, porque não demandam muitos recursos. Uma delas é a manta térmica. Outra é a instalação da película fotovoltaica flexível. Uma terceira seria a colocação de telas metálicas em determinadas partes do tubo para promover a ventilação. “Há intenção de ir inserindo essas mudanças na rotina de manutenção das estações. Por exemplo, se quebrar uma chapa de vidro, já vamos substituí-la pela tela metálica, para fazer o teste, em vez de usar outra de vidro”, frisa.
*Especial para a HAUS.