Com ou sem carro, brasileiro gasta 127 minutos diários no trânsito
Avenida Visconde de Guarapuava no horário de rush. Fotos: Jean Carlo Piovezan / Divulgação
Se economizar tempo era uma das maiores justificativas para o brasileiro ter um carro próprio, esse mito caiu por terra. Ter ou não ter carro dá na mesma: a média gasta pelo brasileiro no trânsito é de 127 minutos por dia em ambos os casos. É o que mostra a pesquisa inédita “A percepção do brasileiro sobre o transporte urbano”, realizada pela 99 em parceria com a Ipsos e publicada nesta quinta-feira (30).
A diferença reside na divisão por classes: a classe A é a única que apresenta uma redução considerável de tempo — 94 minutos, contra 124 da classe B; 129 da classe C e 130 das classes D e E.
Dentro deste recorte, 1h20 é gasta apenas com o deslocamento para a principal atividade do dia. E não adianta achar que trânsito é só problema de quem está na metrópole: 70% de todos os entrevistados sofrem com congestionamentos todos os dias. Entre quem está nas capitais e regiões metropolitanas, no entanto, o número é de fato maior: 82%.
Regiões Norte e Sul se destacam
E é nesse contexto que se dá um dos dados mais alarmantes da pesquisa: 41% dos brasileiros acham difícil ou muito difícil se locomover pela cidade.
No entanto, as regiões Norte e Sul se destacam com índices menores de rejeição. Pâmela Vaiano, diretora de relações públicas da 99, explica que essas as regiões apresentam peculiaridades que fazem com que esse relacionamento seja mais positivo.
“O que a gente vê na região Norte é um deslocamento maior por moto — um uso diferente do ecossistema de transporte. No Sul, é mais um entendimento da infraestrutura de transporte do que um dado que a gente viu na pesquisa. A gente vê que esse sistema é mais integrado e mais rápido que em outras regiões do país, que enfrentam outras dificuldades”, conta Vaiano.
Três modais por semana
A pesquisa também mostrou que o brasileiro usa, em média, três diferentes tipos de transporte por semana para se locomover. A mais popular é o caminhar — considerado em distâncias maiores que 500 m —, com 70% dos entrevistados. Em seguida, vem o ônibus (46%) e o carro (43%).
A modalidade “carro por aplicativo” também chama a atenção. Apesar de recente na realidade do brasileiro, ela já empata com o percentual de pessoas que usam a moto (18%), e supera os que preferem bicicleta/patinete (16%).
Será o declínio do carro?
A pesquisa mostra que os brasileiros não só aderiram aos aplicativos, mas que estão cada vez mais inclinados a abrir mão do carro para tentar outros modais. Enquanto 21% dos proprietários afirma que diminuiria o uso do veículo por outra opção, 79% dos entrevistados classificam como bom ou excelente o serviço de carros por aplicativos — o que revela um território em potencial.
São mais de 45 milhões de carros e 13 milhões de motocicletas que atualmente compõem a frota brasileira. As regiões com maior uso de carros é o Sudeste (54%) e o Sul (21%).
A pesquisa foi realizada em todo o Brasil e contou com 1,5 mil entrevistas domiciliares com pessoas a partir de 18 anos, realizadas entre 29 de abril e 8 de maio. A margem de erro é de 2,5 pontos percentuais para todas as regiões. Confira a pesquisa completa neste link.