Urbanismo
Conheça as tecnologias que estão revolucionando as principais cidades do mundo
Rampa do Museu de História Natural de Xangai tem sensores que permitem controle do fluxo de visitantes. Foto: Divulgação
Estacionamentos equipados com luzes de LED que mudam de cor quando as vagas estão livres. Aplicativos que indicam programas culturais na cidade de forma personalizada. Consultas médicas marcadas pelo celular. Iniciativas tecnológicas que interferem diretamente na relação das pessoas com as cidades já são realidade há anos. No entanto, a tendência é de que a otimização do urbanismo tome proporções cada vez maiores e interfira no planejamento das cidades: essa é, afinal, a definição das smart cities, ou cidades inteligentes.
Uma das matérias-primas aliadas a essas revoluções cotidianas é a enorme quantidade de dados armazenados pelas empresas e fornecidos por usuários de smartphones: o big data. É isso que afirma Thainá Batista, estudante de Sistemas de Informação e programadora de inteligência artificial aplicada a ciências de dados na empresa Queen Consumer Science. A análise dessas informações permite que se criem perfis de comportamento de pessoas em diversas áreas. E ela prevê que, em breve, os brasileiros vão absorver cada vez mais as aplicações dessas tecnologias que já funcionam nos Estados Unidos. Mas quais são elas?
“No exterior é muito comum as pessoas terem [os assistentes] Alexa ou Google Home interligados à casa. Eles fecham a janela quando chove ou, se eu estou indo para casa, ligam o ar condicionado. Mas, mais ligado à mobilidade, a novidade são os carros autônomos“, aponta Thainá. Os novos veículos não precisam de motoristas para se locomover. “Primeiro que o número de acidentes vai diminuir bastante — acidentes com carros autônomos aconteceram por causa do motorista que estava no outro carro. Além disso, o carro diminuiria o tráfego pela cidade e saberia quais são as melhores rotas de trânsito“, explica.
E em Curitiba?
Um dos projetos desenvolvidos localmente é uma iniciativa da Queen Consumer Science na qual Thainá trabalha. O produto consiste em analisar o padrão de comportamento de consumidores de supermercados por dados gerados no próprio caixa: quando a pessoa vai ao mercado, o que ela compra, o que leva junto. “[Isso implica que] Os mercados façam a compra certa para aquele determinado momento, diminuindo o desperdício“, explica Thainá.
Outra iniciativa recente que vai além do big data são maquetes táteis que ampliam a experiência de deficientes visuais em pontos turísticos da cidade. Isso acontece através de recursos multimídia, sensoriamento e sistemas computacionais. O projeto é uma iniciativa das áreas de Sistemas de Informação e Arquitetura e Urbanismo da Universidade Positivo. Geucimar Brilhador, um dos professores responsáveis pelo projeto, explica que a pesquisa ainda está em fase inicial com o primeiro protótipo do Parque Tanguá, mas que muitas ideias já estão a caminho.
“No caso do Museu Oscar Niemeyer, ao chegar no ambiente a pessoa seria direcionada [à maquete] e teria algumas interações. Ao iniciar o processo de interação, a maquete vai falando com ela e dando informações”, explica ele. A previsão para o início deste ano é definir quais serão as tecnologias usadas no processo. O projeto já conta com o apoio do Instituto Paranaense de Cegos e da Prefeitura de Curitiba.
Outro destaque curitibano é o Robô Laura. Já implementado no sistema de saúde de Curitiba, o sistema analisa informações de pacientes em hospitais e identifica riscos de sepse, prevenindo mortes.
Confira mais inovações para smart cities que estão sendo aplicadas pelo mundo
Barcelona
A principal atração de Barcelona, o Templo da Sagrada Família, recebe anualmente mais de 20 milhões de visitantes. Com tamanha movimentação, o comportamento dos turistas — quanto tempo passam ao redor da basílica, como se locomovem, quantos de fato entram no ponto turístico, quais os horários de pico — influencia diretamente no funcionamento da região.
Por isso, a cidade passou a analisar o big data armazenado a partir dos celulares de turistas. Em um primeiro momento, apenas com pessoas que permitiam o acesso ao seu perfil. Depois, foram 9 antenas de Wi-Fi que ficam disponíveis para uso na região e 3 sensores 3D que monitoram a movimentação nas saídas das estações de metrô ao redor do ponto turístico. As informações são do d-LAB, um programa do Mobile World Capital Barcelona.
Com a análise do big data, a prefeitura pode auxiliar de forma direta em diversas áreas, identificando o perfil dos visitantes. Além disso, a mobilidade é diretamente afetada pelo controle de informações, permitindo que o trânsito seja melhorado de acordo com o fluxo de turistas.
Los Angeles
Em 2016, a cidade de Los Angeles investiu na troca de todas as lâmpadas vapor de sódio por LEDs inteligentes que usam menos energia. Mas, além de sustentáveis, alguns postes ganharam uma função extra: aumentar a cobertura do sinal telefônico para celulares.
Os smartpoles, como são chamados, contam com tecnologia sem fio 4G LTE, o que melhora o uso do sinal em smartphones. A previsão para 2020 era de 500 “postes inteligentes” em funcionamento na cidade.
Londres
Com 270 estações e quase 5 milhões de passageiros diários, o sistema de metrô de Londres é uma grande fonte de informações de seus habitantes. A Transport for London (TfL), empresa que gerencia o metrô da cidade, realizou no fim de 2016 um projeto piloto que analisou informações de passageiros que usaram as redes de Wi-Fi disponíveis nas estações.
A análise dos dados revelou, por exemplo, 18 rotas diferentes realizadas por passageiros entre as estações de King’s Cross St. Pancras e Waterloo — o que mostrou que muitas pessoas não usam a rota mais curta.
Além de passar a propor rotas mais práticas para os passageiros, a empresa apresentou alguns dos benefícios advindos da pesquisa. Entre eles, estão priorizar investimentos que melhoram pontos de congestionamento regulares e otimizar a logística de forma a evitar interrupções em linhas muito usadas ou aglomerações desnecessárias.
Xangai
O novo Museu de História Natural de Xangai foi inaugurado em 2015 e veio substituir o prédio que existia desde a década de 1950. O escritório Perkins+Will, localizado em Chicago, foi responsável pelo projeto. Os arquitetos desenvolveram uma grande rampa em espiral que dá forma ao prédio.
A novidade, segundo a Forbes, é que a rampa tem sensores que permitem avaliar o fluxo e o comportamento dos visitantes no prédio.
Smart City Expo Curitiba
A capital paranaense vai sediar a primeira edição brasileira do maior evento do mundo sobre cidades inteligentes, o Smart City Expo. O evento acontecerá de 28 de fevereiro a 1 de março, no Expo Renault Barigui. A programação inclui 2 mesas de debate, 13 conferências, 60 talks, 3 sessões plenárias e 8 sessões paralelas, que vão abordar, além da questão de como a tecnologia está transformando as cidades (tecnologia disruptiva), governança, cidades sustentáveis, inovação digital e desenvolvimento econômico.
Para se inscrever para o evento, clique aqui. Para visitação, a inscrição é gratuita. Estudantes e professores pagam meia entrada e devem apresentar comprovante do benefício no dia do evento.
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