Antonina ganha “vaquinha turbinada” para projeto que empodera restauro do Centro Histórico

Aléxia Saraiva
04/09/2019 21:34
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Centro histórico da cidade de Antonina visto a partir da baia de Antonina. O local foi tombado em pelo Iphan em 2012. Foto: Arquivo/Gazeta do Povo | GAZETA

Ícone da arquitetura colonial paranaense, Antonina poderá ganhar, em 2020, oficinas de preservação e restauro do patrimônio histórico que vão capacitar mão de obra para trabalhar na cidade. O projeto, criado pela ONG Confraria das Cidades em parceria com os arquitetos Ana Luisa Furquin e Rodrigo José Gomes, é um dos primeiros a participar do novo programa de financiamento do BNDES para patrimônio — o Matchfunding BNDES+ Patrimônio Cultural.
O programa funciona em parceria com a Benfeitoria, site de financiamento coletivo: o BNDES aporta R$ 2 a cada R$ 1 arrecadado via crowdfunding até que a meta mínima de cada selecionado seja atingida. O fundo de R$ 4 milhões é destinado a campanhas orçadas entre R$ 30 mil e R$ 300 mil que tenham como objetivo criar um legado para o patrimônio cultural brasileiro.
As ruínas do Armazém Macedo atraem turistas em Antonina. Foto: Antonio More / Arquivo / Gazeta do Povo.
As ruínas do Armazém Macedo atraem turistas em Antonina. Foto: Antonio More / Arquivo / Gazeta do Povo.
No caso de Antonina, o projeto tem meta mínima de R$ 105 mil. O financiamento funciona no modelo “tudo ou nada”: se a meta for atingida, o dinheiro é repassado para o projeto. Caso contrário, ele não acontece. “É um programa cujo curador final é o público. Se não tem interesse coletivo, não há aporte“, explica Tati Leite, cofundadora da Benfeitoria.
As campanhas de crowdfunding serão lançadas a partir de outubro e seguirão abertas até o final de dezembro.

Empoderamento de capacitação em Antonina

Antonina foi tombada como patrimônio nacional em 2012, e é reconhecida pela sua importância arquitetônica, com prédios de características coloniais, ecléticas e art déco, além de calçamento de pedras e ruínas históricas à beira-mar.
Ana Luisa Furquin, criadora do projeto aprovado e responsável pelo restauro da Igreja Bom Jesus de Saivá, que integra o patrimônio da cidade, explica que a educação patrimonial trará grandes vantagens para os trabalhadores locais, já que obras de restauro são uma realidade comum na região.
O curso englobaria de três a cinco oficinas, com 35 vagas cada. “A ideia é capacitar essas pessoas com técnicas tradicionais da arquitetura colonial portuguesa, trazendo especialistas para explicar como era feito”, destaca Furquin. A princípio, os módulos ensinariam a importância do patrimônio e técnicas específicas para trabalhar na região, como telhas coloniais e ladrilhos hidráulicos.
Foto: Antonio More/Arquivo Gazeta do Povo
Foto: Antonio More/Arquivo Gazeta do Povo
“A gente quer ensinar o valor da arquitetura. A ideia é que as pessoas criem uma noção de pertencimento: sentindo que o Centro Histórico é delas, elas vão cuidar dele”, justifica.
Leite destaca que os financiamentos são uma forma de construir a identidade do país. “Cuidar das raízes fortalece os frutos. Quando a gente cuida do nosso patrimônio e convoca a população para cuidar do patrimônio, por algo que é de todos, isso ganha uma importância simbólica”.

Confira o vídeo de convocação de projetos do programa:

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