Asfalto do futuro que absorve 4 mil litros de água por minuto pode prevenir enchentes
Foto: João Athaíde/Divulgação
Mais do que uma atitude sustentável, o reaproveitamento da água das chuvas é uma condição para a construção de empreendimentos residenciais e comerciais em muitas cidades brasileiras. E engana-se quem pensa que isto só é possível por meio de encanamentos e cisternas aparentes. Famosas no exterior e disponíveis no Brasil, as soluções de piso e concreto drenantes começam a ganhar espaço como solução não apenas para o reuso do recurso natural, mas também para a prevenção de enchentes.
Isto é possível pela alta permeabilidade do piso, que absorve 100% da água que cai sobre ele. “O [sistema] drena 87% do fluxo intenso d’água, mas é completamente drenante”, afirma Jenifer Testolin, engenheira e proprietária da JT Testolin, uma das empresas que aplica a tecnologia no Brasil.
Destinado à pavimentação de calçadas, o piso drenante é formado por uma composição de agregados (pedras naturais, cascalhos, seixos) e poliuretano, que atua como uma supercola para ‘dar liga’ à massa. “O piso drenante não aguenta o tráfego pesado, por isso é indicado para o calçamento, para a circulação de pessoas e bicicletas”, explica Giancarlo Tomazim, gerente de estratégia do Time de Indústria de Construção Civil para a América do Sul da Basf, empresa que fornece os elementos químicos que dão liga ao composto.
Projeto
O elevado grau de personalização do piso drenante (também conhecido como stone carpet, carpet de pedra, em tradução livre) é outro atrativo da solução. Isso porque ela possibilita projetos com cores e paginações diferenciadas, que atendam às necessidades e gostos dos clientes. “São praticamente infinitas as possibilidades de se trabalhar com o agregado. Já executamos um piso com pedras de sal grosso para um cliente. Este foi um projeto muito específico, mas que ilustra as possibilidades do material”, exemplifica Jenifer.
Para instalá-lo, no entanto, é preciso primeiro escavar a área que receberá o piso para a instalação de tubos perfurados, que serão os responsáveis pela captação da água das chuvas. Depois, é feita a compactação do solo que receberá o sistema de drenagem, composto por: 1) instalação de uma camada de geotecido (uma espécie de manta); 2) do ‘colchão’ de brita; e 3) o combinado de agregado e poliuretano.
A instalação é rápida, cerca de dois dias para uma área de 5 m², por exemplo, e custa cerca de R$ 400 por m², segundo Jenifer. O valor inclui material e mão de obra referente ao sistema de drenagem, sem levar em conta a parte de obra, que envolve a escavação, instalação da tubulação e compactação do solo.
Concreto
O mesmo conceito do piso drenante é válido para o concreto permeável. Com uso indicado para estacionamentos, acostamentos e pátios, uma vez que o sistema não suporta o tráfego intenso de veículos, ele utiliza o material no lugar do agregado para criar uma superfície com alto poder de drenagem, que impede o empoçamento da água e permite sua reutilização.