A janela de 10 m² que ilumina o Laboratório de Conforto Ambiental (Laca) da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Florianópolis, anda forrada de dobraduras de papel. Desenvolvida como um subproduto da tese de doutorado do professor Rafael Prado Cartana, que comanda o Laca e integra o corpo docente do curso de Arquitetura e Urbanismo da instituição, a solução foi criada para dar ao ambiente melhores condições de conforto térmico e visual.

“Para isso, foram desenvolvidos brises-soleils [quebra-sóis] internos em papel. A ideia era fazer um exercício com os alunos envolvendo algum material de baixo custo e que fosse, ao mesmo tempo, uma solução criativa e eficiente”, explica.

Cartana é especialista em elementos de controle solar, como prédios que usam soluções de fachada para controlar o excesso de entrada da iluminação. Além dele, participaram da instalação as monitoras Julia Duarte e Tainara Perini, alunos voluntários e o bombeiro da universidade.

Antes de se chegar ao modelo final, as estudantes criaram protótipos e mediram em testes preliminares a luminosidade da sala e a projeção de sombras em diferentes posições do sol. “A gente tinha receio que, ao colocar o elemento, a sala fosse ficar muito escura. Quão transparente seria o papel para passar a luz? Descobrimos que ele consegue gerar sombra, mas ao mesmo tempo permite a passagem da luz natural”, esclarece o professor.

As estruturas finais foram feitas a partir de folhas de papel A3, grampeadas e coladas no vidro com fita adesiva. No total, cerca de 350 dobraduras foram coladas à janela em grupos de cinco, para ajudar a evitar que os elementos caiam. Foram duas semanas para montar todas as dobraduras e uma tarde inteira para a instalação.

Segundo o professor, o resultado foi satisfatório. “A janela tem pé-direito duplo e proporciona ao ambiente uma iluminação natural excelente. O que acontecia é que, no período da tarde, entrava sol direto por ali. Nossa ideia era colocar uma persiana, mas antes decidimos fazer um estudo para mostrar que a gente poderia fazer algo mais criativo“, conta. Além de controlar a luz, a parte térmica também sofreu melhorias: o ar-condicionado deixou de ser tão requisitado.

Agora, o projeto se encontra em fase de observação para se verificar se, após as férias, as dobraduras vão precisar de ajustes de manutenção. “Esse é até um objeto de pesquisa nosso: saber quanto tempo ele vai resistir. Talvez amarele com o tempo, mas até isso, dependendo da maneira que se desgaste, vai ficar bonito”, avalia Cartana.

A dobradura é simples e totalmente possível de ser reproduzida em casa — inclusive em versões menores, a partir de folhas A4. Para isso, é só seguir os passos abaixo: