Moradores do Vale do Pinhão pedem mais vida e ocupação cultural para região

Roda de conversa reuniu cerca de 30 moradores e frequentadores do Rebouças e região. Foto: Leticia Akemi / Gazeta do Povo | Leticia Akemi
Moradores, comerciantes e frequentadores do Rebouças e Prado Velho participaram na noite de terça-feira (17) da edição especial de No Sofá da HAUS, realizada no Engenho da Inovação dentro do movimento Reação Urbana, que vai propor estratégias de revitalização urbana para a região do Vale do Pinhão.
Em uma roda de conversa em que todos puderam contribuir com sugestões e contar suas histórias com a região, alguns caminhos foram apontados por quem vive, mora e trabalha nos arredores. Confira os principais temas abordados.

Espaço para novos negócios
Engenheiro civil que fez parte do setor de novos negócios de um grupo de investimentos, Julian Dolcimasculo vive próximo ao Mercado Municipal. Ele conta que a região é impactada pelas ações que estão sendo planejadas para o Rebouças e o Prado Velho. “É preciso aproveitar o potencial da região do Vale do Pinhão para gerar novos negócios e oportunidades, bem como os recursos e estruturas disponíveis”, afirma.

Já Paulo Guidalli, que trabalha com ações de marketing para clientes de arquitetura, enfatizou a importância da nova igreja da IURD para o entorno, quando iniciarem suas atividades. “Estão estimando entre 15 e 20 mil pessoas circulando diariamente na igreja e arredores. Isso vai trazer uma necessidade de comércio, serviços, estacionamentos, transporte e segurança. Não só as medidas mitigadoras acordadas com a prefeitura são importantes, mas também o engajamento da IURD nesse processo”, ressalta.
O número de novos frequentadores da região não é pequeno: segundo o arquiteto Frederico Carstens, 20 mil pessoas é o total de alunos da PUC-PR, por exemplo.
Pouca vida e uso urbano
Comerciante da região, Regina Turek circula pelo Rebouças desde a época de estudante, quando cursou o antigo Cefet (hoje UTFPR), percebendo em todo esse período como a falta de uso urbano é prejudicial para o bairro. “Não há ninguém circulando a pé nas ruas, falta vida no bairro. Esses grandes paredões e quadras onde só passam carros são opressivos e atraem a violência. Temos que ter incentivos às artes, à ocupação cultural, que façam as pessoas quererem circular pela região. É triste ver o comércio fechando ao meu redor”, enfatiza Regina.

Sirlei Krasinski é moradora e jornalista do Jornal do Rebouças, além de membro de algumas associações do bairro. Ela comenta que não só os moradores precisam ser ouvidos, mas as pessoas que circulam pelo Rebouças durante a semana. “O impacto sobre os frequentadores do bairro é ainda maior, já que muitos moradores passam apenas os finais de semana no Rebouças, dias em que o ‘bairro morre’, praticamente. Percebemos muitos idosos morando e jovens circulando, mas pouco uso dos espaços”, detalha.
Reflexos para o Centro
Com realização entre 26 e 29 de outubro, o Laboratório de Reação Urbana do Vale do Pinhão vai reunir um grupo de especialistas, representantes de entidades e da sociedade para quatro dias de imersão no Rebouças e Prado Velho. Um dos objetivos do Laboratório é ser o pontapé para sua replicação futura em outras regiões de Curitiba, como o Centro Histórico, que foi abordado no encontro desta terça.

“Nossa associação reúne entidades privadas para tentar a reabilitação urbana não só do Largo da Ordem, mas de todo o Centro Histórico. Estamos há alguns anos tentando, mas há uma série de conflitos. As políticas de incentivo e penalização à ocupação de imóveis abandonados, por si só, não adiantam. Precisamos de incentivos para atrair as pessoas”, pontua a turismóloga Anna Vargas de Faria, da Associação do Centro Histórico.
Proprietária de um hostel na Praça Eufrásio Correia, Francielle Zuffo também faz parte da associação. “Percebemos que nossos hóspedes fazem turismo tanto no Centro, quanto no Rebouças, mas não se sentem muito estimulados a ir nessa direção. As políticas de restauro e preservação dos edifícios precisam ser repensadas para não afastar os investidores interessados em aproveitar essas estruturas e locais”, diz.
Confira quem esteve presente na edição de No Sofá da HAUS








*Especial para a Gazeta do Povo