Terapia verde: cultivar plantas ajuda no bem-estar

texto: Camila Neves
27/02/2016 01:00
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Foto: BigStock

Praticar jardinagem, cuidar de uma hortinha ou fazer arranjos florais são formas de se aproximar do verde e de esvaziar a cabeça. Você respira, mexe na terra, espera o tempo da planta se desenvolver e aprecia o ciclo da vida.
O contato com a natureza faz parte da condição humana, segundo o professor do curso de psicologia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e coordenador de psicodrama da Casa João de Barro, Antonio Vitorino Cardoso Neto. “Nosso estilo de vida atual nos priva muito disso. Geralmente aproveitamos a natureza só durante as férias, 30 dias por ano.” Por isso, é preciso criar alternativas. Cuidar de uma horta, jardim ou pomar, por exemplo, ajuda a retomar essa nossa essência.
Destaques do final de semana incluem vivência de agricultura urbana.<br>Fotos: Bigstock
Destaques do final de semana incluem vivência de agricultura urbana.<br>Fotos: Bigstock
Bem-estar
A contemplação e a integração com a natureza podem ter efeitos terapêuticos, promovendo sensação de bem-estar. “Essas atividades sozinhas não podem ser consideradas uma terapia em si, mas são reconhecidas como coadjuvantes importantes”, esclarece o psicólogo.
A interação com as plantas também pode auxiliar no equilíbrio emocional. “Algumas pessoas se sentem sozinhas e, por meio do hobby, conseguem exercitar a afetividade”, explica Dea Amorim, terapeuta de família.
O cultivo de uma horta em casa pode ajudar ainda no convívio familiar. “A atividade pode, por exemplo, envolver as crianças, que, em forma de brincadeira, acabam sendo estimuladas a provar sabores novos e a terem noções de responsabilidade”, diz.
Para começar não é preciso um grande jardim. Uma varanda com floreiras ou jardim vertical, hortas em pequenos espaços, ou mesmo pequenos vasinhos, são o suficiente para trocar energia com as plantas. “Cuidar de um ser vivo é saudável para o ser humano”, complementa Neto.
Harmonia
Plantas e flores embelezam e dão vida a qualquer ambiente. Existe uma crença japonesa que garante que os arranjos florais têm o poder da transformação, harmonizando a energia dos espaços. A ikebana, arte oriental de montar arranjos, tem justamente a missão de elevar os sentimentos de quem transita pelo local em que a natureza divide espaço.
O arranjo floral japonês cria uma harmonia de construção linear, ritmo e cor. Por isso, dizem os praticantes desta arte, a ikebana estimula a sensibilidade e a criatividade. “A beleza eleva os valores”, diz a professora Isaura dos Santos, da Fundação Mokiti Okada, em Curitiba. Segundo ela, os alunos relatam mudanças internas e enfatizam o desenvolvimento de qualidades como a paciência, após algum tempo de prática.