Faltando muito pouco para o fim do ano, a primavera se despede e dá lugar ao verão, que tem início neste dia 21 de dezembro. Com a volta das temperaturas elevadas, surge também a preocupação com as plantas, já que durante a temporada é preciso adotar algumas medidas importantes para manter o jardim saudável e bonito mesmo nos dias mais quentes.

Mas antes de botar a mão na terra, é preciso entender quais são as condições climáticas de cada região, visto que o verão pode se manifestar de diferentes formas, dependendo da localidade. “Na Amazônia, por exemplo, é superchuvoso, então não teríamos problemas com as regas. Já o nosso verão é bem chuvoso no final de janeiro e fevereiro, mas no começo o sol está bem intenso, tem períodos de estiagem que podem durar muito tempo”, explica Gustavo Macanhão, engenheiro agrônomo e paisagista na Arte Vegetal Paisagismo.

Seja como for, o verão é o período de melhor desenvolvimento das plantas, portanto, antes de tomar alguma precaução, é necessário verificar o estado das espécies para adotar as medidas corretas. A melhor maneira de fazer isso é observar possíveis sintomas e também novas brotações. “Se estão brotando folhas saudáveis e vigorosas está tudo bem. Caso a brotação esteja bonita mas a planta esteja perdendo muitas folhas velhas, é sinal de que precisa de um reforço na nutrição”, alerta o engenheiro agrônomo e paisagista da Esquina Verde Floricultura, Anderson Zanatta.

Contudo, vale ressaltar que alguns sintomas - como a queima das folhas, ocasionada muitas vezes pela falta de água - podem ser confundidos com algumas doenças. Sendo assim, é preciso analisar caso a caso. “É mais fácil pesquisar por determinada planta e saber se ela está no local certo em relação à insolação e à água, ao tipo de solo. Tem que haver uma investigação”, afirma Macanhão. “Mas depende da espécie. As que têm folhas mais grossas vão ser mais resistentes à falta d'água, espécies de folhas grandes murcham mais rápido”, acrescenta.

Para garantir que as plantas sobrevivam à temporada de calor e fiquem ainda mais saudáveis e bonitas, alguns cuidados são essenciais. Confira as dicas dos especialistas:

Se você ainda não tem um jardim, mas deseja começar no verão, as espécies mais indicadas são Sálvia Vermelha, Vinca e Cravo Amarelo, entre outras variedades. “Geralmente as plantas ornamentais são bem adaptadas para as condições locais, mas podem precisar de cuidados adicionais, como aumentar a quantidade de água”, afirma Zanatta.

Contudo, um ponto a se pensar é que as plantas da estação não são perenes, ou seja, vão morrer depois de alguns meses. "Eu prefiro as perenes, que não vão sofrer tanto com essa ação do ano. Elas vão se desenvolver mais durante a primavera e verão e vão permanecer vivas durante longos períodos”, destaca Macanhão.

Em tempos de seca e calor intenso, regar frequentemente as plantas é fundamental, principalmente as que estão em vasos, já que tendem a secar mais rápido. “Dificilmente serão danificadas por excesso de calor. É mais provável que estejam assim por falta d'água ou, então, pela baixa umidade do ar”, explica Zanatta. No caso das plantas tropicais, como Ráfia e Marantas, é recomendado também borrifar água nas folhas.

A rega frequente é
importante para evitar que a espécie se queime com sol intenso. “A planta tem
esse mecanismo de se proteger do sol transpirando. Mas à medida que não tem
água, não tem como transpirar, então isso faz com que queime mais facilmente”,
explica Macanhão.

Para quem acabou de plantar, a rega deve ser redobrada. “Assim que a gente planta um jardim, a raiz não tem contato com o solo totalmente, então ela tem mais dificuldade de captar água. Costumo orientar meus clientes para que reguem todos os dias no primeiro mês”, ressalta Macanhão.

No caso de plantas já enraizadas e estabelecidas no local, a rega, muitas vezes, pode nem ser necessária. Para saber se a planta está precisando de água, a dica é inserir um espeto de madeira na terra: “se sair sujo, está úmido, se sair apenas empoeirado, significa que está seco”, ensina Zanatta. Cada espécie terá uma necessidade maior ou menor de água. Flores da estação devem receber quantidade abundante de água e locais de muita incidência solar necessitam de duas regas diárias.

Outro cuidado importante
para manter o jardim saudável é a nutrição por meio da adubação, para que as
espécies consigam sobreviver às adversidades da estação. “Plantas mal nutridas
tendem a ficar mais suscetíveis a insetos e falta de água”, alerta Zanatta, que
recomenda fertilizantes minerais ou orgânicos.

Além disso, a nutrição também pode ser uma boa alternativa no verão para potencializar o crescimento das espécies. “As plantas estão crescendo mais e respondem mais à adubação, ou seja, se tem mais nutriente disponível, elas vão absorver esse nutriente e vão se desenvolver”, explica Macanhão. Entretanto, é preciso ter cautela: “a adubação saliniza o solo, o que pode ser um problema quando não há irrigação suficiente, porque você promove o estresse hídrico na planta e ela não consegue absorver água tão facilmente”, alerta.

Os cuidados com o excesso
de luz também são essenciais para evitar problemas como a insolação. “No verão,
o sol se posiciona de maneira diferente no céu e pode queimar alguma planta de
meia sombra”, ressalta Zanatta. Nesse caso, o especialista recomenda trocar a
planta de lugar.

Outra dica importante é a aclimatação das plantas, ou seja, adaptá-las aos poucos à luz do ambiente. “Quando se compra a espécie na floricultura, ela está com um filtro da radiação solar, seja por um filme leitoso da estufa ou por um sombrite. Quando se leva e se planta em casa no sol pleno, mesmo sendo uma espécie apropriada para o sol pleno, ela está tão acostumada com o ambiente da estufa que sofre muito, chega a queimar, às vezes morre. Então recomendamos que se faça a aclimatação”, indica Macanhão.

O processo consiste em levar gradualmente as plantas de um ambiente para o outro, deixando-as por uma semana em um local intermediário, onde pegarão sol pleno por 3h ao dia, por exemplo. “Para uma planta que não pegava nada de sol pleno, pegá-lo 3h por dia já é alguma coisa; ela vai desenvolvendo aos poucos essa habilidade de resistir ao sol pleno. Claro que a gente não vai criar uma planta de sombra no sol pleno só aclimatando”, comenta.

O excesso de chuvas também pode ser um problema, principalmente nos casos em que o solo esteja compactado, duro ou inadequado. “Em solos em que a água fica empoçada ou parada, dependendo da planta, pode ocorrer o apodrecimento das raízes por falta de oxigênio e, consequentemente, a morte da planta”, explica Zanatta. Segundo o especialista, para resolver a questão, no caso de espécies em vaso, pode ser necessária a substituição da terra, e em plantas de jardim, a solução pode ser a implementação de drenos.

Mas o efeito do excesso de água pode variar para cada tipo de planta, por isso é importante consultar um especialista e analisar caso a caso. “Há espécies que são mais adaptadas a solos alagados, solos de banhado. Essas vão gostar de água direta. Tem espécies de local seco, como suculentas e cactos, que qualquer período alagado por muito tempo irão sofrer, possivelmente serem atacadas por doenças fúngicas e bacterianas, e irão apodrecer”, alerta Macanhão.

Nos casos em que a planta já foi danificada por alguns dos fatores relacionados à nova estação, a dica unânime entre os especialistas é regar com abundância.

“Mas em muitos casos não vai ser possível recuperar a planta. O dano recuperável é o que ocorre quando as folhas geralmente murcham. Aquele que queima não é possível recuperar, será necessário esperar folhas novas brotarem”, ressalta Macanhão.