Recantos de paz e contemplação

Os jardins japoneses se popularizaram no Brasil graças à imigração do extremo Oriente | GAZETA
Desde o século 15, os jardins eram usados para decorar templos budistas e casas no Japão. Bem diferentes dos ocidentais, esses verdadeiros recantos de paz sempre foram feitos com espécimes de plantas e ornamentos capazes de se harmonizar com o terreno e ressaltar sua beleza natural. Água, peixes e pedras entravam na composição para completar o espaço. Mas foi só no começo do século passado, graças à maciça imigração do extremo Oriente, que esses verdadeiros símbolos da cultura nipônica se espalharam também pelo Brasil.
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Por aqui, não demoraram a surgir adaptações ao conceito original e o jardim japonês tradicional ganhou novos elementos, como pequenos troncos (com ou sem musgo), bonsais, estátuas, lanternas, pontes e fontes. E, por que não, até espreguiçadeiras e redes. “Uma de suas grandes vantagens é que não precisa de muito espaço. Pode ser feito no interior ou exterior da casa. O mais importante não é o tamanho, mas, sim, os elementos que o compõem”, diz a paisagista Luciana Hartmann Zattar.
Azaleias, samambaias, bambus, pinheiros negros, ardísias, áceres e podocarpos estão entre as plantas mais usadas nesse tipo de composição. “A espiritualidade é o aspecto fundamental de um jardim japonês, por isso, todos os elementos têm de estar dispostos para que transmitam equilíbrio e favoreçam a meditação”, explica a jardineira especializada Maria de Lourdes Shibata.
Jardim Zen
O karesansui, que na tradução significa “jardim seco”, é um outro tipo de jardim japonês, conhecido no mundo ocidental como jardim zen. Originalmente, os grandes recantos orientais abrigavam lagos e pequenas ilhas. Como nem todo mundo podia dispor de tal estrutura, na adaptação moderna, a areia passou a representar o mar e as pedras, as antigas ilhas. “Para respeitar a harmonia, as pedras devem ser em número ímpar: usam-se geralmente 5, 7, 11, 13 ou 15 pedras. Segundo a tradição, é recomendado evitar o número 9, pois a composição não traz sorte”, explica Narciso Fortunato Junior, presidente da Associação Paranaense de Bonsai. Um rastelo serve para criar formas sinuosas na areia simulando a movimento da água.
Para quem não tem espaço suficiente no quintal para um jardim zen, no comércio é possível encontrar versões “portáteis”. Trata-se geralmente de um pequeno caixote raso de madeira ou uma bandeja de cerâmica contendo areia. Um pequeno ancinho permite realizar formas sinuosas, contornando as várias pedras. O objetivo é relaxar ao contemplar e movimentar a areia, sem romper a harmonia da composição.
Serviço
Narciso Fortunato Junior, presidente da Associação Paranaense de Bonsai, fone (41) 9988-4439 e email apbonsai@gmail.com.
Luciana Hartmann Zattar, paisagista, fones (41) 3253-3059 e 9907-2602.
Maria de Lourdes Shibata, jardineira especializada, fone (41) 9686-1408.