Projetos que preservam árvores

Franco Caldas Fuchs, especial para a Gazeta do Povo
05/04/2012 03:19
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A laje é atravessada pela araucária, no projeto do arquiteto Othelo Lopes e paisagismo de Luciana Brandão | unknown

É uma questão de percepção. Há quem olhe para as árvores do seu quintal e pense na sujeira que fazem, no trabalho que dão, no espaço que ocupam. Enquanto isso, outros agradecem a sombra, as flores, os frutos e, sobretudo, a paz que proporcionam.
Para o arquiteto paisagista Flávio Egídio, responsável por vários projetos que aliam preservação e paisagismo, as árvores precisam ser encaradas como antepassados importantes. “Elas costumam ser mais antigas do que as pessoas, e a gente é que se insere no ecossistema delas. Por isso é importante respeitar o ambiente em que se está, para não provocar desequilíbrio.” Quem tem árvores nativas no terreno, especialmente as ameaçadas de extinção, como a araucária ou o cedro-cetim, deveria, então, sentir-se privilegiado. “As árvores merecem ser transformadas em pontos de destaque, para você mostrar que tem uma coisa diferente. Elas também guardam memórias. E quem não tem memória, não tem cultura,” ressalta Egídio.
A arquiteta paisagista Luciana Brandão concorda com esse ponto de vista e lembra do ensinamento do renomado paisagista Burle Marx (1909-1994). “Ele afirmava que um jardim não deveria somente cumprir sua missão decorativa. Ele também tem a função de educar.”
Integração
Criar possibilidades de interação entre pessoas e árvores é uma das metas buscadas pela arquiteta paisagista Rosângela Sabagg. Além de criar um jardim que dialoga com as araucárias presentes na casa da nutricionista Priscila Loewen, Rosângela aproximou a família das árvores ao colocar um simpático balanço entre elas. “As araucárias são lindas, mas às vezes os troncos ficam sem atrativos na altura do olhar. Ao instalarmos um balanço, fizemos a família não só contemplar, mas interagir com as árvores.”
Priscila garante que até o trabalho de limpar periodicamente os ramos secos delas é bem recompensado. “Nós aproveitamos o pinhão e, à noite, quando acendemos uma iluminação sobre elas, fica muito bonito. Árvore é para se valorizar!”
Cuidados com as árvores
Para se aproveitar e cuidar bem das árvores é preciso conhecer as espécies que estão no terreno. Vale procurar um agrônomo que explique sobre as características de cada árvore
• É importante manter uma distância entre a árvore e as construções, para evitar acidentes com galhos e até com um eventual tombamento da árvore. “É preciso respeitar o espaço que a árvore ocupa”, diz o arquiteto paisagista Flávio Egídio.
• A pavimentação do terreno imediatamente em volta da árvore é desaconselhada. As raízes podem danificar o piso e serem danificadas por ele, pondo a árvore em risco.