Basta um tempinho livre e lá estão eles, botando a mão na massa em seus espaços verdes. É o caso da dentista Rita de Cássia Sabóia, 53 anos, que, entre o cultivo de algumas flores, limoeiros e maracujazeiros, tem como grande atração de sua casa um orquidário com 130 plantas. Planejada e construída por ela mesma há quatro anos, a estrutura – com 4 m², 3 metros de altura, de aço galvanizado, sombrite (tela agrícola) nas laterais, placas de policarbonato na cobertura e piso de alvenaria para evitar pragas – é visita obrigatória para todos que vão a sua casa.
“Desde pequena eu aprecio o contato com a natureza. Cuidar das plantas é terapêutico para mim. Uma ocupação que eu adoro”, conta Rita, que, todos os sábados, religiosamente, frequenta aulas para aprimorar seu conhecimento sobre orquídeas. “Preferi as orquídeas justamente pela beleza e pelo desafio que elas representavam: cultivá-las é muito difícil. Mas eu consegui”, brinca. E é categórica: “Qualquer um pode transformar um canto, uma varanda, uma sacada ou até uma bancadinha em um espaço verde. Basta querer e ir atrás”.
Torre verde
Logo ao entrar na casa da arquiteta e urbanista Silvana Laynes de Castro, 53 anos, é quase involuntário o movimento de erguer a cabeça até o limite para poder apreciar a torre de seis metros de altura recheada de plantas, como bromélias, orquídeas, avencas, samambaias, jiboias, gerânios, entre muitas outras. “Nós somos parte da natureza e acredito que as plantas humanizam o ambiente. Para mim, elas são um conforto psicológico”, defende a arquiteta, que morou na França, no Chile e na Nigéria, e que resolveu levar o verde para dentro de casa também, não o deixando restrito apenas ao jardim.
Ela explica que a sua torre ecológica, equipada com um sistema de irrigação automática, não só tem um papel visual no ambiente, como atua no conforto térmico, na limpeza e na purificação do ar. Além da horta que mantém no quintal, cada espaço da casa de Silvana é pontuado por outras plantas, com destaque também para uma estufa com floreiras internas, que forma um espaço de lazer para Silvana e sua família. “Sempre que posso, venho aqui, rego as plantas, podo e relaxo. Tenho orgulho de poder fazer isso”, diz.
Éden germânico
A ordem não é uma invenção germânica, mas o amor dos alemães pela disciplina é a principal característica de seus jardins urbanos: gramados bem aparados, flores bem cuidadas, cercas impecáveis e caminhos devidamente traçados. É o caso do jardim da professora de alemão Inge Sessler Neubauer, de 59 anos. Além de dar aulas, outra grande paixão de Inge é cuidar de seu jardim, um hobby de família que teve origens lá do outro lado do Atlântico. “Meu avô era homeopata em um vilarejo perto de Hockenheim, na Alemanha, e o sonho dele era conhecer a região dos trópicos. Então, ele vendeu tudo que tinha e, em 1935, veio para o Brasil, se tornando um dos pioneiros de Rolândia, no norte do Paraná. Herdei o amor pelas plantas do meu avô, que era meu melhor amigo, mas aprendi a mexer na terra com a minha mãe. Por isso, preciso das plantas para me sentir em casa”, confidencia.
O jardim de Inge arranca suspiros de quem o visita e nele é possível encontrar de tudo um pouco: de rosas a jasmins, de tomateiros a pinheiros, de pés de poncãs a berinjelas. “Fico grata quando os outros se sentem felizes com o que veem no meu jardim. Certa vez, até um casal de noivos veio fazer uma sessão de fotos aqui”, lembra a professora. “Sempre que tenho um tempinho, seja à noite ou nos fins de semana, me dedico às minhas plantas. O verde me chama e repõe minha energia.”