Primeiro parque de Curitiba, Passeio Público completa 132 anos

Priscila Bueno*
02/05/2018 16:00
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No mais antigo parque de Curitiba, árvores nativas e espécies raras, arquitetura de diversos períodos e animais em cativeiro convivem com o ritmo acelerado da região central. Fotos: Fernando Zequinão / Gazeta do Povo | Gazeta do Povo

O Passeio Público, primeiro parque de Curitiba criado para drenar um pântano, celebra 132 anos nesta quarta-feira (2). Inaugurado em 2 de maio de 1886 pelo presidente da província do Paraná, Alfredo D’Estragnolle Taunay, o Passeio Público acompanhou o crescimento de Curitiba.
Alfredo Trindade, que foi diretor do Passeio entre 2011 e 2012, conta que o parque, por sua localização, acaba sendo a “sala de estar” de quem vai ao Hospital de Clínicas. Além disso, tem uma das melhores pistas de corrida – totalmente plana. Em contrapartida, o tráfego intenso dos carros danificou parte das cercas, construídas no estilo Haussmanniano, caracterizado por replicar paisagens naturais por meio de intervenções artificiais.
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Ao longo dos 132 anos, o Passeio Público passou por dois tombamentos. Na década de 1970, os portões foram reconhecidos. Um deles é semelhante ao Cemitério de Cães de Paris (Cemitière des Chiens de Asnière-Sur-Seine). O portão original é o mais próximo do Colégio Estadual do Paraná, enquanto o da Carlos Cavalcanti foi demolido e substituído por uma réplica. Nos anos 1980, a estrutura integral foi motivo de tombamento. Por isso, qualquer reforma e intervenção deve passar pela curadoria do Patrimônio Histórico do Paraná.
Obras instaladas no parque de 70 mil metros quadrados remontam a diversos movimentos. O aquário é construído sobre a base de um coreto mourisco instalado sobre uma gruta estilo art-nouveau.
Coreto do Passeio Público na neve de 1928. Foto: Acervo Casa da Memória/FCC
Coreto do Passeio Público na neve de 1928. Foto: Acervo Casa da Memória/FCC
A ponte pênsil, que liga a área central do parque à Ilha da Ilusão, foi recuperada e agora é aberta aos sábados. Em metal e com amarras, ela vem de um projeto inglês.
Outra ponte é a de pedra, uma construção original. Próxima a ela, a chamada Ilha dos Amores. Uma construção artificial feita de pedras. Ali também foi criado o primeiro parque infantil, com projeto do arquiteto Frederico Kirchgässner.
Ponte sobre um dos canais do Passeio Público. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Ponte sobre um dos canais do Passeio Público. Foto: Fernando Zequinão/Gazeta do Povo
Todas as árvores do passeio são plantadas. Algumas das mais antigas são os plátanos, que ficam na pista ao lado do Colégio Estadual do Paraná. Há espaço para outras mais raras, como o xaxim, que está em extinção. Durante o passeio, foi possível observar árvores nomeadas, como o jacarandá mimoso. Segundo Trindade, essas placas indicam que a Secretaria do Meio Ambiente está monitorando-as mais de perto.
Fotos do Passeio Público de Curitiba para a Revista HAUS. Local: Passeio Público.
Fotos do Passeio Público de Curitiba para a Revista HAUS. Local: Passeio Público.
A fauna tem destaque. Eros de Souza, que já chefiou o Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Prefeitura de Curitiba, explica que os animais são necessários, até para atrair a atenção dos visitantes. Ele conta que o passeio já foi palco de histórias curiosas, como a da gralha azul que visitava as “irmãs” que estavam no viveiro para se alimentar de pinhões dados por elas. O parque ainda serve de passagem para as garças durante o processo de migração. Normalmente, elas ficam no viveiro do pelicano, um dos recintos mais antigos. Outros viveiros abrigam urubus-reis, araras e flamingos. Há ainda duas ilhas para os macacos.
Fotos do Passeio Público de Curitiba para a Revista HAUS. Local: Passeio Público.
Fotos do Passeio Público de Curitiba para a Revista HAUS. Local: Passeio Público.
Há 4 anos, surgiu um movimento de revitalização do passeio, o Ocupe o Passeio. Um projeto foi desenvolvido pelo Ippuc e apresentado na Câmara Municipal. Porém, o projeto está parado por falta de recursos. Dante Mendonça, um dos organizadores do Ocupe, diz que “até pela miserabilidade geral, ele acabou não indo pra frente. Isso é frustrante”.
Serviço | Rua Carlos Cavalcanti, Av. João Gualberto e Rua Presidente Faria. Terça-feira a domingo, das 6 às 20 horas.
*Especial para a Gazeta do Povo.

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