O projeto do jardim

adrianoj
19/03/2010 03:43
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O conhecimento interdisciplinar, no entanto, não é a única qualidade exigida de um paisagista. A sensibilidade para entender a família é fundamental. “Nem sempre, entretanto, o que o cliente me diz de cara é o que realmente combina com ele. Preciso entrar um pouco na intimidade dele, fazer algumas perguntas sobre o seu dia a dia e hábitos em geral para chegar a algumas conclusões”, conta a engenheira florestal, especialista em Paisagismo, Diacuy de Mesquita Fialho Crema.
No caso de uma de suas clientes, Denise Farias Galvão Scalon, foi assim. “Cheguei dizendo que queria um jardim inglês, ou seja, o que eles chamam lá de wild garden, que é um espaço onde as plantas crescem livres, mas que exige um cuidado intenso, diário”. Diacuy percebeu que a ideia não iria dar certo com a rotina de Denise: ela faz quilts (colchas feitas com retalhos de tecido, trabalho parecido com o patchwork), tem dois filhos, uma menina de 10 anos e um menino de 7, e uma labradora chamada Gergelim. “Acabamos optando por um jardim que se mantém muito bem sem tantos cuidados, com flores sazonais (que precisam ser trocadas de acordo com a estação) apenas em vasos e algumas roseiras, flores que a avó de Denise tem e que ela queria cultivar em casa. Achei ótimo, porque gosto de jardins com história”, descreve Diacuy. Entre o que se quer e o que se pode fazer há um longo caminho. A escolha de espécies é uma questão muito mais prática, que tem a ver com iluminação e ventilação em determinadas partes do jardim, do que com o que se deseja. Algumas referências, no entanto, são fundamentais. “Digo para os meus clientes até fotografarem plantas que gostam para me mostrar. Com o celular com câmera todo mundo pode fazer isso, o que me ajuda bastante.”
Empatia
“Perceber” uma família, o que pode funcionar ou não no jardim, nem sempre é tão fácil. “Nesse caso, como em outros negócios e relações que temos, a empatia ajuda bastante”, frisa Diacuy. Anos antes de mexer no jardim, Denise tinha procurado a paisagista e se identificou com o que viu no jardim da empresa. “Depois passei um tempo vivendo na casa e pensando no queria fazer. Sentava em um canto e pensava no que queria fazer no outro. Voltei a falar com a Diacuy porque o que ela tinha no jardim era o que queria para o meu”, conta.
Paciência
Antes de fazer o projeto e mesmo depois que ele está pronto, uma qualidade é essencial: paciência. “Vivenciar o jardim sem mexer nele por um tempo pode ser bom para se refletir sobre o que realmente se quer. Fazer isso em uma casa nova, às vezes, é difícil, mas vale a pena”, diz Diacuy. Ela ressalta que mesmo depois de pronto o jardim, a família fica com dúvidas sobre qual será o resultado. Isso ocorre porque o espaço é pensado com as plantas adultas, mas logo no início o que se vê são várias mudinhas plantadas em um grande espaço de terra. “Um jardim só vai começar a ter uma identidade plena e oferecer tudo o que pode em três anos, mas isso não é de todo ruim. É bom surpreender-se com uma flor nascendo em uma determinada planta pela primeira vez”, diz Diacuy.
Confira o resultado do jardim de Denise e de outras pessoas nas próximas páginas.