Você é formado em Arquitetura. Como aconteceu a transição para o paisagismo? Você chegou a trabalhar com projetos arquitetônicos no início da sua carreira?
A partir do momento que eu ingressei na faculdade de Arquitetura – que era um sonho desde criança –, consegui conciliar estudo e trabalho, estagiei em vários escritórios, o que me deu uma boa bagagem. Experimentei áreas distintas para eu ver qual preferia. No último ano, fiz um curso de paisagismo, disciplina que não era muito explorada na faculdade, e a identificação foi imediata. O trabalho nesta área veio de uma forma muito natural e me vi completamente inserido nesse mercado.
No ano passado, você ganhou o prêmio de jardim mais bonito do mundo pela Sociedade Americana de Arquitetos e Paisagistas (Asla, na sigla em inglês) com um projeto em Bragança Paulista. O que tem de especial nesse jardim?
Eu adoraria ouvir essa resposta do júri. Vou repetir o que eles me falaram: o jardim era extremamente diferente e inovador, com poucos recursos, mas que fez uma incrível diferença na paisagem rural. A casa desse jardim foi construída dentro de um condomínio de casas de campo. E esse contraste entre o moderno e o rústico da paisagem se deu de forma sutil e diferente. Fiquei honrado com o prêmio, pela importância que ele tem. Os projetos que venceram anteriormente marcaram de alguma forma a história do paisagismo mundial.
O que o encanta no paisagismo?
Acho que é poder usar a natureza como referência principal e trabalhar com uma flora tão rica e exuberante como a nativa. Isso sem contar que, em cada projeto paisagístico, consigo deixar falar o meu lado arquiteto. Afinal, a arquitetura externa é a minha base e a vegetação surge como um elemento a mais a ser desenvolvido.
De que forma arquitetura e paisagismo conversam?
Os dois são capazes de mudar o espaço, ainda mais juntos. Eu olho para a natureza tão perfeita, mas sempre tento mudá-la. É uma inquietude minha. Aproveito a visão natural e tento reproduzir isso de uma forma autoral, diferente.
O paisagismo exige mais técnica ou criação?
Há necessidade de conhecer botânica e arquitetura, mas também é preciso sensibilidade e criatividade. Então vamos de 50% de técnica e 50% de criação.
O jardim brasileiro é diferente dos outros?
Temos o privilégio de viver em um país onde é verdadeira aquela expressão “é terra em que tudo dá”. Somos enormes, não só em termos territoriais, mas também em diversidade climática, de solos, de gente. A maior dádiva é termos tantos recursos naturais e matéria-prima à disposição. É por isso que eu digo que o Brasil é um país paisagístico.
Perfil
Nascido em Presidente Prudente, no interior paulista, Alex Hanazaki cria incríveis paisagens naturais com criatividade, baixa manutenção e poucos recursos. No ano passado, um de seus projetos ganhou o prêmio de jardim mais bonito do mundo pela Sociedade Americana de Arquitetos e Paisagistas (Asla). Este foi, aliás, o tema da sua palestra durante o 2° Seminário do Núcleo Paranaense de Decoração, que aconteceu no dia 28 de maio, em Curitiba. Hoje, Hanazaki é considerado um dos melhores profissionais brasileiros na área, com projetos em execução no Brasil e exterior.