“Algumas plantas não suportam o sol, precisam ser cultivadas na sombra ou em meia sombra. Dois bons exemplos são as orquídeas-da-terra (Phaius grandifolius) e os lírios-da-paz (Spathihyllum wallisi) que embelezam vários jardins de inverno”, explica.
As orquídeas e as bromélias foram algumas espécies escolhidas pela arquiteta Caroline Bollmann para projetar o jardim interno no apartamento da advogada Elaine Falcão Silveira. A arquiteta sugeriu o fechamento da área da churrasqueira com uma estrutura metálica e, ao lado da escada que leva para um spa externo, foi projetado um pequeno jardim. “O espaço ficou em meia sombra. Em alguns momentos do dia as plantas recebem insolação. Escolhi espécies adaptadas à essa realidade”, comenta Caroline.
Para evitar que houvesse terra dentro do apartamento, todas as plantas foram dispostas em vasos e a ornamentação do piso foi feita com pedras e cascas de árvore. “Queria um jardim que não necessitasse de tanta manutenção. O cultivo no vaso facilita nosso dia a dia”, comenta Elaine.
Além do jardim embaixo da escada, um área ao lado do spa também ganhou plantas. Embora haja uma floreira no local, a arquiteta manteve a ideia dos vasos e os disfarçou com uma camada de pedras.
Para Elaine, a relação com as plantas é importante para o convívio em casa. “É muito bom chegar e poder curtir os filhos, ler um livro ou receber amigos na churrasqueira, tendo como paisagem o jardim”, diz.
Utilizar o espaço embaixo da escada é uma das soluções mais indicadas pelos paisagistas para cultivar um jardim interno. “É um espaço que ficaria vazio e, para quem acredita e segue os ensinamentos do Feng Shui (filosofia milenar chinesa que busca a harmonia dentro do ambiente), a área sob a escada guarda uma energia negativa. Com a presença das plantas é possível reverter essa energia, transformá-la em positiva”, explica Luciana.
Ela assina o projeto de um jardim embaixo de uma escada no hall de uma residência. A sala tem amplas aberturas de vidro de onde é possível observar o jardim exterior. “A família viu no jardim interno a possibilidade de integrar os ambientes e destacar a escada.”
As espécies escolhidas foram o lírio-da-paz, zâmia (Zamia pumila), pacova (Heliconia hirsuta) e uma palmeira-rápis (Rhapis excelsa), que acompanha o pé-direito duplo da casa. A área utilizada foi de cinco metros quadrados e o jardim custou em torno de R$ 2 mil.
Menos manutenção
Depois de tentar cultivar um jardim interno por vários anos sem sucesso, os moradores do condomínio Athenas Garden buscaram uma solução que combinasse plantas com outros objetos de decoração. Os paisagistas Nádia Bentz e Vanderlan Farias projetaram um espaço prático. “Usamos orquídeas variadas e reaproveitamos alguns arbustos que já estavam no local”, explica Nádia. Um deque e um painel de pinus, pedrisco palha e casca de árvore também foram incluídos. “Colocamos três bolas de cerâmica que têm a função de fonte. Há um sistema de circulação de água que passa por elas. Há iluminação com led feita no deque”, diz Nádia.
O jardim tem 10 metros quadrados e toda a decoração custou cerca de R$ 5 mil. “A vantagem desse jardim é a possibilidade de mudar a proposta”, explica.
Outra boa solução para quem tem pouco espaço e tempo para cuidar do jardim são os painéis vivos. Há várias formas de montá-los. “A maioria tem uma base de madeira ou metal com vários espaços para encaixar vasos”, aponta o paisagista Gilberto Matter. Da mesma forma é possível cultivar um herbário, desde que os vasos apanhem sol de quatro a seis horas por dia. Os painéis vivos podem ser colocados também em áreas externas, mas com folhagens adaptadas à essa situação de insolação.
Sol e ventilação na medida certa
Na hora de projetar um jardim interno, a posição e o local ideais para colocar os vasos e proporcionar às plantas um bom desenvolvimento são algumas das principais dúvidas. Os paisagistas reforçam que o fato de uma planta ser cultivada à sombra, não significa que ela não deva receber luz. “O sol não incide diretamente, mas é preciso que ele esteja presente algumas horas por dia”, diz a paisagista Luciana Brandão.
As mesmas preocupações, com iluminação, clima, temperatura e condições do solo, válidas para jardins tradicionais, também se aplicam aos jardins internos. “O melhor é dispor as plantas próximas das aberturas, como janelas, varandas ou sacadas, onde possam receber luz e ventilação, que são importantes para a proteção contra doenças e pragas”, comenta a paisagista Vera Cortes.
A escolha das espécies determina o sucesso de um jardim interno. Cada planta tem necessidades distintas de rega e poda. A paisagista Cássia Dias lembra da necessidade de regar a planta incluindo as folhas. “A exposição a poeira e a poluição faz com que se acumule sujeira nas folhas, dificultando a fotossíntese e, consequentemente, a alimentação das plantas. Sugiro que se use um pano para tirar o excesso de pó.”
Uma das preocupações é o tipo de terra usada para plantar e o acabamento dado aos vasos. Pode-se utilizar uma cobertura sobre o solo, com granilhas, musgo, casca de árvore ou argila expandida. “O vaso é como se fosse um prato de comida, tem um tempo de durabilidade dos nutrientes e é preciso fazer a reposição com adubação para que a planta continue se alimentando”, diz Cássia. Podem ser usados adubos químicos ou orgânicos. Os químicos são mais práticos e não têm odor, segundo os paisagistas. É preciso ficar atento às épocas corretas para a aplicação e às recomendação específicas.