Organização

Mesmo obrigatório, dispositivo que protege contra choques enfrenta resistência

Felipe Gonçalves
09/10/2016 12:50
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Dispositivo diferencial residual detecta pequenos desvios de energia e pode evitar até 100% de acidentes domésticos (Acervo/Bigstock)

Praticamente todo mundo já teve a sensação de levar um choque elétrico. Isso acontece quando uma corrente elétrica usa o corpo humano como condutor, e na maioria dos casos, é algo leve, causando só susto – mas cuidado, pois dependendo da intensidade, os danos podem ser grandes.
Desde 1997 é obrigatório em residências o uso de um dispositivo que, ao detectar algum ‘vazamento’ de energia elétrica, desliga o sistema. Desta forma, o dispositivo DR (Diferencial Residual) protege adultos e crianças de correntes elétricas de maior intensidade, evitando acidentes graves dentro de casa. O funcionamento é simples: assim como um disjuntor, o dispositivo detecta sempre que o fluxo de energia em um ponto do sistema está mais alto do que o normal, e derruba a chave. A diferença é a sensibilidade: o DR detecta diferenças até em miliamperes, enquanto o disjuntor não consegue notar vazamentos menores.
Dispositivo diferencial residual detecta pequenos desvios de energia e pode evitar até 100% de acidentes domésticos (Acervo/Bigstock)
Dispositivo diferencial residual detecta pequenos desvios de energia e pode evitar até 100% de acidentes domésticos (Acervo/Bigstock)
Embora seja obrigatório, cidades como Curitiba esbarram nas casas mais antigas. A Copel, empresa fornecedora de energia no Paraná, não tem levantamentos oficiais, mas informa que a recomendação de optar pelo dispositivo vem desde a década de 80, e que as residências mais antigas nem sempre passam por uma modernização na rede elétrica.
O professor do curso de engenharia elétrica da PUCPR, Voldi Zambenedetti, sugere que o grande desafio é convencer os moradores de casas antigas a realizar a troca. “O que normalmente acontece é o dispositivo ser grande demais pra um quadro já cheio. Muitas vezes a pessoa já está com o quadro de distribuição completo, e trocar o quadro pode dar dor de cabeça”, explica.
Outro problema é que, em geral, podem existir mais modificações necessárias. Zambenedetti comenta que, em casas com instalação irregular (como aterramento adequado de alguns equipamentos), o dispositivo acaba desativando o sistema constantemente. “As ligações incorretas são facilmente detectáveis, e com qualquer sinal de irregularidade, o dispositivo sente e derruba o circuito”, diz. O custo de um dispositivo varia entre R$40 e R$100, caso não seja necessária uma adaptação do quadro. Mesmo com o custo, o professor indica que não há motivos para não considerar a opção. “É um valor relativamente baixo para uma proteção enorme, um verdadeiro custo-benefício”, completa.

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