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Oficina de marcenaria em Curitiba ensina crianças a produzirem seus próprios brinquedos

Camila Petry Feiler
30/04/2017 19:00
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Oficina de marcenaria para crianças no atêlie fine art. (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo) | Gazeta do Povo

Numa casa localizada no bairro Juvevê, em Curitiba, o casal Renata e Nathan McCartney recebe crianças entre 4 e 12 anos para uma oficina de marcenaria para crianças. O local abriga a Oficina de Fine Arts, onde Nathan, restaurador e designer de móveis, desenvolve peças com personalidade e sustentabilidade.
O sábado ensolarado colaborou para que a oficina acontecesse no pátio externo da casa, espaço que foi preenchido com mesas, bancos, serras e martelos. Além, é claro, das famílias que despenderam tempo construindo carrinhos de madeira juntos.
“A oficina faz com que pais e filhos passem mais tempo juntos, criando algo e tendo contato com coisas que não são tecnológicas”, coloca Nathan, que já fez a atividade antes com os colegas do filho Oliver, de 6 anos, e agora oficializou o projeto, abrindo inscrições (que custam R$ 80) e já pensa nas próximas – inclusive de marcenaria para mulheres.
Sem a necessidade de nenhuma experiência prévia, a oficina começa com o design do carrinho, feito pelas crianças. As ideias são mirabolantes e criativas, deixando as crianças pensando no próximo passo. Depois, Nathan apresenta as ferramentas e vai explicando para que cada uma serve. Com cumplicidade, ele conversa com a voz calma, com o sotaque australiano, e deixa as crianças participarem do processo de descoberta.
Nathan orienta as crianças durante a oficina (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Nathan orienta as crianças durante a oficina (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Até que, finalmente, chega a hora de colocar a mão na massa. Gabriel, de 3 anos, por exemplo, fez um carrinho de dinossauro. Com a ajuda dos pais, ele passou do desenho à prática, cortando, lixando e construindo. Luara Romão, mãe de Gabriel, disse que estava se divertindo tanto quanto o filho, enquanto ajudava nas rodas do carrinho.
Laura Romão e Bruno Rohsig participam da oficina com os filhos Gabriel e Luna (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Laura Romão e Bruno Rohsig participam da oficina com os filhos Gabriel e Luna (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Além de um brinquedo
Para Nathan, quando as crianças constroem um carrinho, elas ganham mais que um brinquedo, elas ganham um processo: aprendem a valorizar o que eles fizeram, descobrem o trabalho envolvido, e, provavelmente, vão cuidar muito bem do carrinho.
Outras habilidades também são desenvolvidas. “Acho a parte de lixar muito interessante. As crianças percebem como a madeira vai se transformando, ficando bonita e lisa, mas precisam de paciência para isso”, coloca Nathan. Essa paciência também é cobrada dos pais, que conversam com certa nostalgia lembrando dos brinquedos que faziam quando eram criança, mas agora demanda outro olhar: o cuidado com quem está aprendendo.
Lucca, de 4 anos, construindo seu carro  (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Lucca, de 4 anos, construindo seu carro (Foto: André Rodrigues/Gazeta do Povo)
Já as crianças acabam tendo acesso a um mundo totalmente novo, onde as coisas se transformam e se sujar é necessário. Elas criam uma conexão com os materiais que normalmente não ficam ao alcance dos pequenos, como a madeira e a cola. Também, sob a supervisão dos pais, aprendem a serrar e pregar. Nesse cenário, as crianças descobrem que as coisas levam tempo para ficar prontas, demandam trabalho, mas também é possível errar, refazer, reconstruir e pedir ajuda. Que experiências são aprendidas com a prática.
Serviço:
Oficina de Fine Arts – (41) 99801-4200 – Rua Barão de Guaraúna, 637 – casa 1 – Alto da Glória